Os avanços nas estratégias de resgate durante as últimas décadas melhoraram a sobrevida global em pacientes com câncer retal que apresentaram falha no tratamento. Os resultados são de estudo de Fleischmann et al publicado no JAMA Network Open.
“Os resultados oncológicos entre pacientes com câncer retal após recorrência local e/ou metástases à distância permanecem pouco estudados. Nesse trabalho, buscamos analisar a tendência de sobrevida global após falha do tratamento para pacientes com câncer retal em três ensaios consecutivos de fase 2 ou 3 do German Rectal Cancer Study Group”, esclarecem os autores.
Este estudo de coorte é uma análise post hoc de 3 ensaios randomizados de fase 2 ou 3 (ensaios CAO/ARO/AIO-94, -04 e -12, realizados na Alemanha) que incluíram 1.948 pacientes com adenocarcinoma retal localmente avançado. O ensaio CAO/ARO/AIO-94 recrutou pacientes entre fevereiro de 1995 e setembro de 2002, o ensaio CAO/ARO/AIO-04 recrutou pacientes entre julho de 2006 e fevereiro de 2010, e o ensaio CAO/ARO/AIO-12 recrutou pacientes entre junho 2015 e janeiro de 2018. A análise estatística foi realizada entre setembro de 2022 e março de 2023.
Um total de 119 de 391 pacientes no estudo CAO/ARO/AIO-94 grupo A, 295 de 1.236 pacientes no estudo CAO/ARO/AIO-04 e 69 de 306 no estudo CAO/ARO/AIO-12 apresentaram falha no tratamento (ressecção R2 ou recorrência local ou metástases à distância) e foram incluídos em análises posteriores. As características de falha do tratamento e sobrevida global foram avaliadas em todas as três coortes do estudo.
Resultados
Dos 1.948 pacientes tratados nos 3 ensaios, 15 foram excluídos devido à falta de dados. Do restante (n=1.933 pacientes; idade mediana, 62,5 anos [variação, 19-84 anos]; 1.363 homens [71%] e 570 mulheres [29%]) com adenocarcinoma retal localmente avançado (cT3 ou 4 ou cN+) tratados em 3 ensaios clínicos consecutivos, 483 apresentaram falha no tratamento e foram analisados.
Após um acompanhamento médio de 36 meses (IQR, 24-51 meses) para todos os pacientes, a sobrevida global após falha do tratamento foi significativamente melhorada no estudo CAO/ARO/AIO-04 (aos 3 anos, 44% [IQR, 37 %-51%]; hazard ratio [HR], 0,61 [95% CI, 0,47-0,79]) e melhorou ainda mais no estudo CAO/ARO/AIO-12 (aos 3 anos, 73% [IQR, 60%-87 %]; HR, 0,32 [95% CI, 0,18-0,54]) em comparação com o ensaio CAO/ARO/AIO-94 (aos 3 anos, 30% [IQR, 22%-39%]) (ambos P < 0,001).
A metástase à distância foi a principal razão para a falha do tratamento ao longo de um acompanhamento de 5 anos (variação de 67% a 87%), e o risco relativo de falha do tratamento foi maior nos primeiros 18 meses em todos os três ensaios. O estágio ypTNM foi significativamente associado ao risco e ao intervalo de tempo até a falha do tratamento. A melhoria na sobrevida global após falha do tratamento foi independente do sexo.
“Este estudo sugere que os programas de vigilância implementados e as abordagens multidisciplinares devem ser avaliadas posteriormente em ensaios clínicos para melhorar as estratégias de resgate para a sobrevida global após falha do tratamento para pacientes com câncer retal”, concluíram os autores.
Referência: Diefenhardt M, Martin D, Fleischmann M, et al. Overall Survival After Treatment Failure Among Patients With Rectal Cancer. JAMA Netw Open. 2023;6(10):e2340256. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.40256