Estudo brasileiro publicado na Cancers buscou avaliar os casos de tumores na bolsa do marcapasso cardíaco relatados na literatura, além de aprimorar estratégias de detecção precoce e melhorar o manejo dos pacientes acometidos. O trabalho tem como primeiro autor o oncologista Francisco Cezar Aquino de Moraes (foto), da Universidade Federal do Pará.
Todos os anos, aproximadamente 1 milhão de marcapassos são implantados em todo o mundo, com um total de 19 milhões nos EUA no período de 1993 a 2009. No entanto, apenas 15 casos de malignidades são descritos na literatura. Para avaliar os desfechos clínicos, tratamento, prognóstico e manejo individualizado de tumores originados na bolsa do marcapasso cardíaco, os pesquisadores realizaram uma revisão sistemática nas bases de dados PubMed/Medline, Science Direct, Cochrane Central, LILACS e Scientific Bases de dados da Biblioteca Eletrônica Online (Scielo).
Os 22 estudos selecionados consideraram relatos de casos (n = 18) e séries de casos (n = 4) que foram incluídos na revisão sistemática.
Os resultados de Moraes e colegas revelam que tumores na bolsa do marcapasso acometeram pacientes com idade média de 72,9 anos, com maior incidência no sexo masculino (76,9%, n = 10). O tempo médio de desenvolvimento da neoplasia foi de 4,4 anos (54,07 meses). O modelo mais prevalente de marcapasso envolvido com os tumores foi o Medtronic (38,4%, n = 5), sendo o titânio (83,3%) a composição metálica mais comum. A quimioterapia foi o procedimento mais realizado entre os pacientes (38,4%), seguida de radioterapia (38,4%) e da ressecção cirúrgica do tumor (30,7%). Os autores descrevem que seis casos analisados (46,1%) resultaram em óbito e quatro pacientes (30,7%) obtiveram cura.
O marcapasso cardíaco é um dispositivo eletrônico utilizado para regular o ritmo cardíaco e tratar distúrbios de condução elétrica, incluindo bradicardia, bloqueios atrioventriculares, bloqueios de ramo esquerdo e de ramo direito, entre outras doenças cardiovasculares congênitas ou adquiridas. O uso de marcapassos tem aumentado progressivamente e os autores recomendam que pacientes com marcapassos devem ser avaliados rotineiramente quanto à ocorrência de tumores malignos no local de implantação.
Além de Francisco Cezar Aquino de Moraes, esta revisão sistemática conta com a participação de Danielle Feio, Marianne Rodrigues Fernandes e Ney Pereira Carneiro dos Santos, do Hospital Universitário João de Barros Barreto, em Belém; Lucca Dal Moro, Fernando Rocha Pessoa, Ellen Sabrinna dos Remédios Passos, Raul Antônio Lopes Silva Campos, da Universidade Federal do Pará; Dilma do Socorro Moraes de Souza, da Universidade Federal do Pará e do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna; e Rommel Mario Rodríguez Burbano, do Hospital do Câncer infantil Otávio Lobo, em Belém.
Referência: Cancers 2023, 15(21), 5206; https://doi.org/10.3390/cancers15215206 (registering DOI)