Daniel D’Almeida Preto, do Hospital de Câncer de Barretos (Hospital de Amor), é o primeiro autor de estudo aceito para publicação eletrônica na ASCO 2019, avaliando o impacto da sequência de antraciclinas e taxanos na quimioterapia neoadjuvante no câncer de mama HER2-negativo. Os resultados da experiência institucional com 235 pacientes mostram que a sequência de tratamento não influenciou a resposta patológica completa ou os resultados de sobrevida na população avaliada. O trabalho tem como autor sênior o oncologista Cristiano de Pádua Souza, também de Barretos.

Nesta análise, os grupos que receberam primeiramente antraciclina (AC-T, n = 161) ou taxanos (T-AC, n = 74) foram equilibrados quanto à idade, estadiamento, perfil do receptor hormonal e grau histológico do tumor. O seguimento foi de pelo menos cinco anos para cada paciente, com idade mediana de 50,1 anos. A maioria (97%) apresentava tumores em estágio III e 30% das pacientes tinham doença triplo-negativa.

A taxa de resposta patológica completa (pCR) foi maior nos casos de câncer de mama triplo-negativo em comparação com os tumores luminais (16,3 vs. 7,3%; p = 0,049). A sequência de tratamento não influenciou a ocorrência de pCR (10,5 vs. 8,5%; p = 0,8), nem teve impacto na mediana de sobrevida livre de doença (87,9 vs. 64,1, p = 0,85) ou sobrevida global (91,1 vs. 71,6 meses, p = 0,15) nos grupos AC-T e T-AC.

“Em conclusão, a sequência de quimioterapia neoadjuvante baseada em taxano-antraciclina na prática diária não mostrou diferença nos desfechos clínicos avaliados”, descrevem os autores acerca da experiência institucional de Barretos. No entanto, alertam que o desenho retrospectivo e o baixo número de pacientes podem limitar o poder do estudo em detectar diferenças estatisticamente significativas”, apontam.

Referências: Sequence of anthracyclines and taxanes in the neoadjuvant chemotherapy of HER2-negative breast cancer: Experience of a Brazilian oncological center. - Daniel D’Almeida Preto et al - J Clin Oncol 37, 2019 (suppl; abstr e12105)