O oncologista Guilherme Nader-Marta (foto) é primeiro autor de revisão sistemática e meta-análise publicada no ESMO Open que avaliou o valor prognóstico do ctDNA em pacientes com câncer de mama ressecável (não metastático). “Nesta meta-análise, a detecção de ctDNA foi associada a um risco aumentado de recorrência de câncer de mama e morte”, observaram os autores. O oncologista Evandro De Azambuja é coautor do trabalho.
A incorporação do DNA tumoral circulante (ctDNA) no tratamento do câncer de mama ressecável tem sido dificultada pelos resultados heterogêneos de diferentes estudos.
Nesse estudo, os pesquisadores realizaram uma busca sistemática em bancos de dados (PubMed/Medline, Embase e CENTRAL) e resumos de conferências médicas para identificar estudos sobre a associação da detecção de ctDNA com sobrevida livre de doença (SLD) e sobrevida global (SG) em pacientes com câncer de mama estágio I-III. As razões de risco (HR) foram agrupadas em cada momento da avaliação do ctDNA (baseline, após terapia neoadjuvante e follow-up). Os ensaios de ctDNA foram classificados como informados por tumor primário e não informados por tumor.
Resultados
Dos 3.174 registros identificados, foram elegíveis 57 estudos incluindo 5.779 pacientes. Em análises univariadas, a detecção de ctDNA foi associada a pior SLD no baseline [HR 2,98, IC 95% 1,92-4,63], após terapia neoadjuvante (HR 7,69, IC 95% 4,83-12,24) e durante o follow-up (HR 14,04, IC 95% 7,55-26,11).
Da mesma forma, a detecção de ctDNA em todos os momentos foi associada a pior sobrevida global (no baseline: HR 2,76, IC 95% 1,60-4,77; após terapia neoadjuvante: HR 2,72, IC 95% 1,44-5,14; e durante o follow-up: HR 9,19, 95 % IC 3,26-25,90). Resultados semelhantes de sobrevida livre de doença e sobrevida global foram observados em análises multivariadas.
As HRs agrupadas foram numericamente mais altas quando o ctDNA foi detectado no final da terapia neoadjuvante ou durante o follow-up e para ensaios primários informados sobre tumores. A sensibilidade e especificidade de detecção de ctDNA para recorrência de câncer de mama variaram de 0,31 a 1,0 e 0,7 a 1,0, respectivamente. O tempo médio entre a detecção do ctDNA e a recorrência evidente foi de 10,81 meses (variação de 0 a 58,9 meses).
“A detecção de ctDNA foi associada a pior sobrevida livre de doença e sobrevida global em pacientes com câncer de mama ressecável, particularmente quando detectado após o tratamento e usando ensaios primários informados pelo tumor. A detecção de ctDNA tem alta especificidade para antecipar a recidiva do câncer de mama”, concluíram os autores.
Referência: Circulating tumor DNA for predicting recurrence in patients with operable breast cancer: a systematic review and meta-analysis. G. Nader-Marta, M. Monteforte, E. Agostinetto, G. Pruneri, E. de Azambuja, S. Di Cosimo. Open Access. Published: March 09, 2024. DOI: https://doi.org/10.1016/j.esmoop.2024.102390