23112024Sáb
AtualizadoQua, 15 Maio 2024 8pm

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Daichii Sankyo

 

Política nacional de saúde bucal não reduziu a mortalidade por câncer oral

Estudo que analisou o efeito da Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB) nas taxas de mortalidade por câncer mostra que a PNSB não tem sido efetiva na redução da mortalidade por câncer oral. O trabalho é de pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e tem como primeira autora Elisa Miranda Costa, do departamento de Saúde Pública da UFMA.

Neste estudo ecológico, os pesquisadores se basearam em dados secundários de óbitos por câncer oral, utilizando análise de séries temporais interrompidas (ARIMA, Autoregressive Integrated Moving Average).

Costa e colegas coletaram dados anuais de óbitos, através do Sistema de Informações sobre Mortalidade (1996–2019). O principal endpoint foi a taxa de mortalidade por câncer oral (TMCO) padronizada por sexo e idade. Diferentes categorias da PNSB foram consideradas, sendo a categoria “0” antes de sua implementação, de 1996 a 2004, e as categorias de “1 a 15”, de 2005 a 2019. A modelagem ARIMA foi empregada para análise temporal e estimativa do coeficiente de regressão (CR).

Os resultados publicados na Plos One mostram que a implementação do PNSB brasileiro foi associada ao aumento da taxa de mortalidade por câncer oral na região Norte (CR = 0,16; p = 0,022) e à diminuição na região Sudeste (CR = -0,04; p<0,001), mas não afetou as demais macro-regiões nem o consolidado nacional. Os modelos de previsão estimaram aumento da taxa de mortalidade por câncer oral nas regiões Norte e Nordeste, diminuição para o Sudeste e estabilidade para o Sul e para o consolidade nacional.

“A Política Nacional de Saúde Bucal não está sendo eficaz na redução da taxa de mortalidade por câncer oral”, conclui o estudo, em análise que mostra diferente tendências no território brasileiro, evidenciando as iniquidades em saúde. “Recomendamos que o PNSB fortaleça a rede de atenção à saúde bucal, incorporando o câncer oral como doença de notificação obrigatória, adotando estratégias de prevenção, rastreamento e proporcionando oportunidades de tratamento precoce da doença”, destacam os autores.

Em síntese, este estudo de série temporal interrompida envolvendo todas as 110.162 mortes por câncer oral registradas no sistema de saúde oficial brasileiro de 1996 a 2019 evidencia que as tendências de TMCO não são uniformes entre as regiões brasileiras. Além disso, o PNSB não foi associado à redução da TMCO no Brasil, exceto no Sudeste.

Referência: Costa EM, Magalhães Rodrigues ES, de Sousa FS, Pimentel FB, Sodré Lopes MB, Vissoci JRN, et al. (2023) The Brazilian National Oral Health Policy and oral cancer mortality trends: An autoregressive integrated moving average (ARIMA) model. PLoS ONE 18(9): e0291609. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0291609

 

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