O consumo de álcool afeta o prognóstico no câncer de mama? Estudo de Kwan et al. publicado no Cancers sugere que o consumo de álcool não está associado a um risco aumentado de recorrência ou mortalidade por câncer de mama.
Os autores consideraram 3.659 mulheres diagnosticadas com câncer de mama estágio I–IV no período de 2003 a 2015, inscritas no Pathways Study. Kwan e colegas avaliaram o consumo de álcool nos últimos 6 meses a partir da entrada na coorte (em média, 2 meses após o diagnóstico) e 6 meses depois, usando um questionário de frequência alimentar. Os endpoints foram recorrência e morte por câncer de mama, doença cardiovascular e morte por todas as causas.
Em um seguimento mediano de 11,2 anos, ocorreram 524 recorrências e 834 mortes (369 específicas por câncer de mama e 314 mortes específicas por doenças cardiovasculares). Em comparação com os não bebedores (36,9%), os bebedores eram mais jovens, com maior nível de instrução e fumantes atuais ou anteriores.
Os resultados mostram que, em geral, o consumo de álcool não foi associado à recorrência ou mortalidade. No entanto, a análise indica que mulheres com maior índice de massa corporal (IMC ≥ 30 kg/m2) tiveram menor risco de mortalidade geral, tanto para consumo ocasional de álcool (HR, 0,71; IC 95%, 0,54–0,94), quanto para consumo regular (HR, 0,77; 95% CI, 0,56–1,08) na época do diagnóstico, assim como 6 meses depois, de maneira dose-resposta (p < 0,05). As mulheres com menor IMC (<30 kg/m2) não apresentaram maior risco de mortalidade, mas apresentaram risco de recorrência possivelmente maior, embora não significativo, tanto com o consumo ocasional (HR, 1,29; IC 95%, 0,97–1,71) quanto com o consumo regular ( HR, 1,19; IC 95%, 0,88–1,62).
Em conclusão, o consumo de álcool na época do diagnóstico do câncer de mama e até 6 meses depois não foi associado a um risco aumentado de recorrência ou mortalidade por câncer de mama ou mortalidade por todas as causas, mas um risco de recorrência possivelmente maior foi observado em mulheres não obesas.