23112024Sáb
AtualizadoQua, 15 Maio 2024 8pm

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Daichii Sankyo

 

Antibióticos periquimioterapia e resultados de sobrevida no adenocarcinoma ductal pancreático

felipe coimbra 2020 bxEstudo de coorte retrospectivo publicado no JAMA Network Open por Fulop et al. identificou que o uso de antibióticos na periquimioterapia foi significativamente associado à melhora da sobrevida em pacientes com adenocarcinoma ductal pancreático (ACDP) metastático tratados com quimioterapia de primeira linha à base de gencitabina, mas não naqueles recebendo quimioterapia de primeira linha baseada em fluorouracil. O cirurgião oncológico Felipe Coimbra (foto) analisa os resultados.

O estudo utilizou dados do Surveillance, Epidemiology, and End Results da Medicare, identificando 3.850 pacientes com ACDP entre janeiro de 2007 e dezembro de 2017 que receberam quimioterapia de primeira linha à base de gencitabina (n = 3.150) ou à base de fluorouracil ( n = 700). O uso de antibióticos considerou pelo menos 5 dias de antibiótico oral ou injetável um mês antes ou após o início da quimioterapia de primeira linha. Para a análise, os pacientes que receberam antibióticos foram pareados por escore de propensão com os que não receberam.

Dos 3.850 pacientes, 2.178 (57%) receberam antibióticos. No total, 1.672 pares de pacientes foram incluídos na análise. O acompanhamento foi encerrado em dezembro de 2019 para sobrevida global e em dezembro de 2018 para sobrevida câncer-específica.

Os resultados reportados por por Fulop et al. mostram que na coorte avaliada o  uso de antibióticos foi associado a uma melhora de 11% na sobrevida global (razão de risco [HR], 0,89; IC de 95%, 0,83-0,96; P = 0,003) e a uma melhora de 16% na sobrevida câncer específica (HR, 0,84; 95 % CI, 0,77-0,92; P < 0,001) entre os pacientes tratados com gencitabina. Em contraste, os autores descrevem que não houve associação entre o uso de antibióticos e a sobrevida global (HR, 1,08; 95% CI, 0,90-1,29; P = 0,41) ou sobrevida câncer específica (HR, 1,12; 95% CI, 0,90-1,36; P = 0 ,29) entre os pacientes tratados com fluorouracil. Em um subgrupo de pacientes tratados com gencitabina que receberam antibióticos, os β-lactâmicos não penicilina foram associados a um benefício de sobrevida de 11% (HR, 0,89; 95% CI, 0,81-0,97; P = 0,01).

Em conclusão, neste grande estudo de coorte retrospectivo, o uso de antibióticos periquimioterapia de primeira linha foi associado a uma melhora da SG e sobrevida câncer específica entre pacientes com ACDP que receberam gencitabina, mas não naqueles tratados com fluorouracil.

"Estudo interessante que liga o uso de antibióticos em pacientes que receberam quimioterapia a base de gencitabina. Diante destas conclusões, fica a pergunta sobre um possível efeito de potencialização da terapia por mecanismo sinergístico diretamente sobre as células tumorais. Porém, a hipótese mais provável seria o efeito dos antibióticos sobre a microbiota do paciente ou mesmo intratumoral, pois já foi demonstrada a presença de bactérias que metabolizam drogas quimioterápicas anulando ou diminuindo seu efeito para o pâncreas". observa Felipe Coimbra, Diretor do Instituto Integra Saúde e HCE, acrescentando que muito se discute o papel da composição da microbiota intestinal sobre a ativação imunológico do paciente, favorecendo as defesas celulares do próprio indivíduo. "Claramente, este estudo aponta para uma nova linha de investigação que deve ganhar impulso nos próximos anos", conclui.

Referência: Fulop DJ, Zylberberg HM, Wu YL, et al. Association of Antibiotic Receipt with Survival Among Patients With Metastatic Pancreatic Ductal Adenocarcinoma Receiving Chemotherapy. JAMA Netw Open. 2023;6(3):e234254. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.4254

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