Estudo que comparou características clínicas e resultados de sobrevida de pacientes com câncer de mama estratificados pelo status de receptor estrogênico (baixo (1%–10%), alto (>10%) e ER negativo) reportou resultados na The Breast, em artigo de Luo et al. Assim como os pacientes com ER-negativos, os pacientes com ER-baixo apresentaram características clínicas mais agressivas e pior sobrevida do que aqueles com ER-alto. Pacientes com ER-baixo também pareceram derivar menor benefício da terapia endócrina. O oncologista Antônio Carlos Buzaid (foto), diretor médico geral do Centro de Oncologia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Neste estudo de instituição única, os pesquisadores identificaram 5.466 pacientes com status ER conhecido diagnosticadas com câncer de mama inicial entre janeiro de 2008 e dezembro de 2016. As variáveis associadas ao início da terapia endócrina foram identificadas usando modelo de regressão logística multivariada. De acordo com o status de ER, todos os pacientes foram classificados em subgrupos ER-baixo (1%–10%), ER-alto (>10%) e ER-negativo. A regressão de riscos concorrentes Fine e Gray foi realizada para comparar os resultados de sobrevida dos três subgrupos.
Resultados
Idade ao diagnóstico, status do receptor de estrogênio (ER) e status do receptor de progesterona (PR) foram identificados como correlatos do início da terapia endócrina. Pacientes com ER-baixo foram mais propensos a ter doença avançada, PR-negativo, receptor do fator de crescimento epidérmico humano 2 (HER2)-positivo ou grau Ⅲ em comparação com pacientes com ER-alto. “Assim como os pacientes ER-negativos, os pacientes com ER-baixo apresentaram maior taxa de recorrência locorregional (LRR), recorrência à distância (DR) e mortalidade por câncer de mama (BCM) do que os pacientes com ER-alto”, descrevem os autores, destacando que a terapia endócrina mostrou tendências não significativas para menor LRR, DR e BCM em pacientes com ER-baixo.
Diante desses achados, o estudo reforça evidências do que aqueles com ER-baixo apresentam características clínicas mais agressivas e pior sobrevida do que os pacientes com ER-alto. A análise também sugere que pacientes com ER-baixo parecem derivar menor benefício da terapia endócrina.
Luo et al. acrescentam que o benefício da terapia endócrina para pacientes com ER baixo precisa ser mais explorado em estudos randomizados.
"Este estudo se soma a outros que demonstram resultados semelhantes. Acredito que no futuro iremos voltar a antiga definição de ER positivo (>10%). No nosso serviço, pacientes com ER-low são em geral tratadas com protocolos de ER negativo", afirma Buzaid.
A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.
Referência: Chuanxu Luo, Xiaorong Zhong, Yu Fan, Yanqi Wu, Hong Zheng, Ting Luo, Clinical characteristics and survival outcome of patients with estrogen receptor low positive breast cancer, The Breast, Volume 63, 2022, Pages 24-28, ISSN 0960-9776, https://doi.org/10.1016/j.breast.2022.03.002.