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AtualizadoQua, 15 Maio 2024 8pm

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Daichii Sankyo

 

Vacinação profilática contra HPV e câncer cervical

LUISA NET OKEstudo de revisão sistemática publicado na Cochrane Library corrobora a eficácia e segurança da vacinação contra papilomavírus humano (HPV) na prevenção do câncer cervical e lesões precursoras, especialmente em mulheres jovens, entre 15 e 26 anos. Luisa Lina Villa (foto), Chefe do Laboratório de Inovação em Câncer do Centro de Investigação Translacional em Oncologia do Instituto do Câncer de São Paulo (ICESP), comenta o trabalho.

A infecção pelo papilomavírus humano está causalmente ligada ao desenvolvimento do câncer cervical e lesões precursoras, sendo os tipos 16 e 18 os mais oncogênicos, responsáveis por cerca de 70% dos casos. Agora, este estudo se propôs a revisar sistematicamente os dados de segurança e eficácia das vacinas monovalente, bivalente (HPV 16 e18) e quadrivalente (HPV 6,11,16 e 18).

A análise considerou 26 estudos randomizados placebo-controle que cumpriram os critérios de inclusão, totalizando 73.428 participantes. Dessa base, 10 estudos enfocaram o valor da profilaxia de vacinas monovalentes (N = 1), bivalentes (N = 18) e quadrivalentes (N = 7) contra lesões precursoras (NIC2+ e NIC3+)* e contra adenocarcinoma in situ (AIS). A segurança da vacina foi avaliada em 23 estudos, com seguimento que variou de 6 meses a 7 anos. Foram consideradas mulheres livres de HPV de alto risco no momento da vacinação e todas as mulheres vacinadas, independentemente do status de HPV.

Os achados da revisão sistemática mostram que as vacinas contra HPV reduzem as lesões precursoras de câncer cervical (NIC2+ e NIC3+) e AIS associados ao HPV16/18 em comparação com placebo. Entre as mulheres de 15 a 26 anos, a vacina reduziu o risco de lesões precursoras por HPV 16/18 de 341 para 157 por 10.000. A vacinação contra HPV reduziu também o risco de qualquer lesão precursora de 559 a 391 por 10.000.

As evidências disponíveis também mostram que a vacina não aumenta o risco de efeitos colaterais graves, aproximadamente de 7% tanto no grupo vacinado quanto no grupo controle. Os pesquisadores não encontraram aumento do risco de aborto em mulheres que engravidaram após a vacinação.

Para Marc Arbyn, primeiro autor do estudo, “os achados desta revisão devem ser vistos dentro do contexto de múltiplos estudos globais de vigilância conduzidos pelo Comitê da Organização Mundial de Saúde (OMS) desde que as vacinas foram licenciadas. Arbyn está à frente da Unidade de Epidemiologia do Centro de Câncer da Bélgica e esclareceu que “o perfil de risco-benefício das vacinas contra HPV permanece favorável. O especialista disse que o Comitê da OMS expressou preocupação com alegações injustificadas de danos que carecem de evidências biológicas e epidemiológicas, mas que podem afetar a confiança do público na vacinação profilática. Ao mesmo tempo, destacou que o Comitê da OMS encoraja as autoridades de saúde a continuar a vigilância e o exame de possíveis eventos adversos".

“A vacina é segura e funciona”, reforça Luisa Lina Villa (foto), Chefe do Laboratório de Inovação em Câncer do Centro de Investigação Translacional em Oncologia do Instituto do Câncer de São Paulo (ICESP). Luísa é a primeira autora do artigo publicado no Lancet em abril de 2005, que embasou o registro da vacina contra o HPV nos cinco continentes2. “O impacto foi dramático: quase erradicação de verrugas genitais nos países que introduziram a vacina com altas coberturas há mais de cinco anos, além da redução de mais de 60% das lesões precursoras de câncer entre as jovens”, destaca.

No Brasil, o cenário ainda preocupa e a expansão dos programas de imunização para regiões com maior carga da doença é uma necessidade urgente. “Médicos e demais profissionais de saúde têm um papel fundamental, de indicar e incentivar a vacinação contra HPV entre meninas e meninos, para ampliar a cobertura vacinal antes da exposição ao vírus, portanto antes do início da vida sexual”, defende Luisa.

Atualmente, o Sistema Único de Saúde oferece a vacinação a meninas (9 a 14 anos) e meninos (11 a 14 anos). Pacientes imunodeprimidos, incluindo casos oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia, também podem ser vacinados

Epidemiologia

A especialista brasileira discorreu sobre a epidemiologia dos tumores HPV associados na ASCO de 2017, lembrando que além do câncer da cérvix uterina, também o câncer de vulva, vagina e de canal anal são causados pelos papilomavírus humano de alto risco, assim como diferentes tumores de cabeça e pescoço.

Referências:

1 - Arbyn M, Xu L, Simoens C, Martin-Hirsch PPL. Prophylactic vaccination against human papillomaviruses to prevent cervical cancer and its precursors. Cochrane Database of Systematic Reviews 2018, Issue 5. Art. No.: CD009069. DOI: 10.1002/14651858.CD009069.pub3.

2 - Villa LL, Costa RL, Petta CA, et al. Prophylactic quadrivalent human papillomavirus (types 6, 11, 16, and 18) L1 virus‐like particle vaccine in young women: a randomised double‐blind placebo‐controlled multicentre phase II efficacy trial. Lancet Oncol. 2005; 6: 271‐278

 


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