23112024Sáb
AtualizadoQua, 15 Maio 2024 8pm

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Daichii Sankyo

 

ESMO 2023

Novo padrão de tratamento no carcinoma medular de tireoide

gilberto castroO inibidor de RET selpercatinib demonstrou eficácia no carcinoma medular de tireoide com fusão de RET comparado a inibidores multiquinase. “É uma mudança de paradigma. Podemos considerar, sem dúvida, que selpercatinib é o atual tratamento de escolha para esses pacientes com carcinoma medular de tireoide metastático, com progressão de doença e mutações no gene RET”, diz o oncologista Gilberto Castro, que analisa os resultados do estudo (LIBRETTO-531) apresentado no ESMO 2023 e publicado na New England Journal of Medicine.

Neste estudo randomizado de fase 3, selpercatinib foi comparado com cabozantinibe ou vandetanibe à escolha do médico (grupo controle) como terapia de primeira linha (1L). Os pacientes elegíveis apresentavam doença progressiva documentada 14 meses antes da inscrição. O endpoint primário na análise de eficácia provisória especificada pelo protocolo foi a sobrevida livre de progressão, avaliada por revisão central independente e cega. A transição para selpercatinib foi permitida entre os pacientes do grupo controle após progressão da doença. A sobrevida livre de falha do tratamento, avaliada por revisão central independente e cega, foi um endoint secundário, controlado por alfa, que deveria ser testado apenas se a sobrevida livre de progressão fosse significativa. Entre os outros desfechos secundários estavam a resposta geral e a segurança.

Um total de 291 pacientes foram submetidos à randomização. Em um seguimento mediano de 12 meses, os autores descrevem que a sobrevida livre de progressão mediana, avaliada por revisão central independente e cega, não foi alcançada no grupo de selpercatinib e foi de 16,8 meses (intervalo de confiança [IC] de 95%, 12,2 a 25,1) no grupo controle (razão de risco para progressão da doença ou morte, 0,28; IC 95%, 0,16 a 0,48; P<0,001). A sobrevida livre de progressão aos 12 meses foi de 86,8% (IC 95%, 79,8 a 91,6) no grupo de selpercatinib e de 65,7% (IC 95%, 51,9 a 76,4) no grupo controle.

 A mediana de sobrevida livre de falha do tratamento, avaliada por revisão central independente e cega, não foi alcançada no grupo de selpercatinib e foi de 13,9 meses no grupo controle (razão de risco para progressão da doença, descontinuação devido a eventos adversos relacionados ao tratamento ou morte, 0,25; 95 % IC, 0,15 a 0,42; P<0,001). A sobrevida livre de falha do tratamento aos 12 meses foi de 86,2% (IC 95%, 79,1 a 91,0) no grupo de selpercatinib e de 62,1% (IC 95%, 48,9 a 72,8) no grupo controlo. A resposta global foi de 69,4% (IC 95%, 62,4 a 75,8) no grupo de selpercatinib e de 38,8% (IC 95%, 29,1 a 49,2) no grupo controle.

Em relação à segurança, os eventos adversos levaram à redução da dose em 38,9% dos pacientes do grupo selpercatinibe, em comparação com 77,3% no grupo controle, e à descontinuação do tratamento em 4,7% e 26,8%, respectivamente. “O perfil de toxicidade foi bem aceitável, constituindo-se basicamente de diarreia, elevação de transaminases e náuseas. Efeitos mais raros, como edema ou prolongamento de intervalo de QT, precisam ser monitorados, mas a droga é sem dúvida muito bem tolerada”, assegura Castro.

O oncologista Gilberto Castro, chefe da área de Oncologia Torácica e de Cabeça e Pescoço do ICESP, também aponta a superioridade do inibidor de RET em relação aos dados de eficácia. “Com um seguimento mediano de 12 meses, a sobrevida livre de progressão mediana não foi alcançada nos pacientes tratados com selpercatinib, em comparação a 17 meses no braço controle, o que gera um HR de 0,28 ou diminuição de 72% do risco de progressão nesses pacientes, com significância estatística. A sobrevida livre de progressão em 12 meses foi de 87% no braço selpercatinib versus 57% no braço controle, e a taxa de resposta foi de 69 e 39%, respectivamente”, analisa.

Em conclusão, o tratamento com selpercatinib resultou em sobrevida livre de progressão superior e maior sobrevida livre de falha do tratamento em comparação com cabozantinibe ou vandetanibe em pacientes com câncer medular de tireoide com mutação RET.

Este estudo (LIBRETTO-531) está registrado na plataforma ClinicalTrials: NCT04211337.

Referência LBA 3 - Randomized phase III study of selpercatinib versus cabozantinib or vandetanib in advanced, kinase inhibitor naïve, RET-mutant medullary thyroid cancer. October 21, 2023 DOI: 10.1056/NEJMoa2309719

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