Maysa Vilbert (foto), do Departamento de Oncologia do Princess Margaret Cancer Centre, é primeira autora de estudo de revisão sistemática e meta-análise aceito para apresentação em pôster no ESMO 2023, que avalia os degradadores seletivos de receptores de estrogênio (SERDs) orais de nova geração em pacientes com câncer de mama receptor hormonal positivo, HER2-negativo. O trabalho mostrou o perfil de segurança dos novos SERDs, em análise que conta com participação brasileira, do Instituto Federal de Ciências da Saúde de Belém, do A.C. Camargo Cancer Center, do Departamento de Medicina da Universidade de São Paulo e do Centro de Oncologia do Paraná.
Os degradadores seletivos de receptores de estrogênio (SERDs) são opções de tratamento eficazes para pacientes com câncer de mama após progressão à terapia de primeira linha, especialmente para aqueles que possuem mutações ESR1. Vários estudos exploraram o potencial de SERDs para superar a resistência endócrina, produzindo resultados promissores.
Vilbert e colegas avaliaram a eficácia dos SERDs de acordo com a resposta tumoral, a mutação ESR1 e a variação da frequência alélica (VAF). Foram considerados os bancos de dados Pubmed, Scopus e Cochrane Library, além de sites de congressos, englobando ensaios clínicos randomizados e não randomizados.
Um total de 19 estudos com 1.798 pacientes cumpriram os critérios de seleção. Dos 855 pacientes testados, 387 (45%) tinham mutação ESR1. A frequência ESR1mut e a respectiva taxa de resposta global (ORR) são descritas na tabela abaixo. Os autores identificaram que 80% dos pacientes (IC95% 0,72-0,88 I256%) tiveram diminuição VAF com a terapia SERD.
Em relação ao perfil de segurança, o risco estimado de eventos adversos (EA) por todas as causas foi de 86% (IC 95% 0,80-0,92) e EAs de graus 3 ou 4 foram 19% (IC 95% 0,11-0,28). SERD mais palbociclibe resultou em maiores taxas de EAs (p<0,01). Vilbert e colegas descrevem que elacestranto teve numericamente maiores EAs de G3-4 em comparação aos demais SERD (p=0,05). Os EAs mais comuns foram náusea (35%), diarreia (30%) e fadiga (23%). Artralgia foi relatada em 15%, e apenas 1% dos pacientes teve que interromper o tratamento devido a EA.
“Nosso estudo apoia o perfil de segurança favorável da nova geração de SERD oral e apresenta sua eficácia de acordo com ESR1mut”, concluem os autores, acrescentando que estudos futuros avaliarão o papel potencial do biomarcador ESR1mut.
Ao lado da presença brasileira, a pesquisa contou com participação do H. Lee Moffitt Cancer Center and Research Institute (Florida) e do Novant Health Cancer Institute (Carolina do Norte).
Characterization of ESR1mut and response to SERD (Amcenestrant, Elacestrant, and Camizestrant) |
|||
ESR1mut |
Prevalence of ESR1mut(%) |
Patients assessed for response(n) |
ORR(%) |
D538G |
34 |
25 |
44 |
Y537S |
28 |
23 |
61 |
E380Q |
8 |
8 |
25 |
Y537N |
7 |
11 |
45 |
L536H |
6 |
4 |
75 |
Others |
16 |
13 |
15 |
Conclusions: Our study supports the favorable safety profile of the new generation oral SERD and presents its efficacy according to ESR1mut. Further studies shall assess the potential biomarker role of individual ESR1mut.
Referência: 481P - Second generation oral selective estrogen receptor degraders (SERDs) in breast cancer: A systematic review and meta-analysis of clinical trials. M. Silveira Vilbert, D. Pinheiro Xavier, M. Goldner Cesca, L.V. Ravani, J. Chamadoira, C. Stecca, R. Costa, L. Cavalcante