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AtualizadoQua, 15 Maio 2024 8pm

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ESMO 2021

Tratamento adjuvante estendido com letrozol no câncer de mama pós-menopausa

silvio melhor bxApresentado no ESMO 2021 e publicado simultaneamente no Lancet Oncology, estudo de Fase III do Grupo Italiano de Estudos sobre o Câncer de Mama, vinculado ao Istituto Nazionale per la Ricerca Sul Cancro, demonstrou que o tratamento prolongado com 5 anos de letrozol em pacientes com câncer de mama na pós menopausa que receberam 2–3 anos de tamoxifeno confere melhora significativa na sobrevida livre de doença. Silvio Bromberg (foto), mastologista do Hospital Israelita Albert Einstein e da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, analisa os resultados.

O benefício do tratamento adjuvante estendido com inibidores da aromatase em pacientes com câncer de mama positivo RH+ na pós-menopausa tratadas com tamoxifeno por 2 a 3 anos e seguido por um inibidor de aromatase por 2 a 3 anos é controverso.

Nesse estudo multicêntrico, aberto, randomizado, de Fase III, conduzido em 69 hospitais italianos, o objetivo foi comparar a terapia estendida com letrozol por 5 anos após 2 ou 3 anos de tamoxifeno versus a duração padrão de 2-3 anos de tamoxifeno e 2 ou 3 anos de letrozol, até completar 5 anos no total de terapia hormonal em pacientes com câncer de mama na pós-menopausa.

Foram elegíveis pacientes pós-menopausadas com câncer de mama HR+ estágios I – III ressecável que tivessem recebido terapia adjuvante com tamoxifeno por pelo menos 2 anos, mas não mais que 3 anos e 3 meses, sem sinais de recorrência da doença e status ECOG 2 ou inferior.

As pacientes foram randomizadas (1: 1) para receber 2–3 anos (grupo de controle) ou 5 anos (grupo estendido) de letrozol (2,5 mg por via oral uma vez ao dia). A randomização, com estratificação por centro e com blocos permutados de tamanho 12, foi realizada com um sistema centralizado, interativo e baseado na web que gerou aleatoriamente a alocação ao tratamento. As participantes e os investigadores não foram mascarados para o tratamento.

O endpoint primário foi a sobrevida livre de doença invasiva na população com intenção de tratar. A análise de segurança foi realizada em pacientes que receberam pelo menos 1 mês de tratamento no estudo.

Resultados

Entre 1º de agosto de 2005 e 24 de outubro de 2010, 2.056 pacientes foram inscritas e designadas aleatoriamente para receber letrozol por 2–3 anos (n = 1.030; grupo controle) ou 5 anos (n = 1.026; grupo estendido).

Após um acompanhamento médio de 11,7 anos (IQR 9,5–13,1), os eventos de sobrevida livre de doença ocorreram em 262 (25,4%) de 1.030 pacientes no grupo controle e 212 (20,7%) de 1026 no grupo estendido. A sobrevida livre de doença em 12 anos foi de 62% (95% CI 57–66) no grupo controle e 67% (62–71) no grupo estendido (hazard ratio 0,78, 95% CI 0,65–0 · 93; p = 0,0064).

Os eventos adversos de grau 3 e 4 mais comuns foram artralgia (22 [2 · 2%] de 983 pacientes no grupo controle vs 29 [3 · 0%] de 977 no grupo estendido) e mialgia (sete [0,7%]] vs nove [0 · 9%]). Houve três (0,3%) eventos adversos graves relacionados ao tratamento no grupo controle e oito (0,8%) no grupo estendido, e não foi observado nenhum óbito relacionado à toxicidade.

Os resultados demonstraram que o tratamento adjuvante prolongado com 5 anos de letrozol resultou em uma melhora clinicamente significativa na sobrevida livre de doença e na sobrevida global. “A terapia endócrina sequencial com tamoxifeno por 2–3 anos seguida por letrozol por 5 anos deve ser considerada como um dos tratamentos endócrinos padrão ideais para pacientes com câncer de mama RH+ na pós-menopausa”, destacaram os autores.

Bromberg observa que a discussão sobre a extensão da terapia com inibidor de aromatase não é nova. “O MA17R Trial, por exemplo, mostrou uma melhora no tempo livre de doença e, principalmente, uma diminuição da chance de um segundo câncer de mama. Outros estudos que abordaram o tema são o DATA Trial, que também mostrou uma vantagem na extensão do inibidor de aromatase ao comparar 3 anos de anastrozol com 6 anos após 2 ou 3 anos de tamoxifeno; e o IDEAL Trial, estudo fase III que não mostrou diferença no tempo livre de doença e sobrevida global entre 2,5 ou 5 anos de letrozol em pacientes que já haviam usado 5 anos de qualquer terapia endócrina”, contextualiza.

O mastologista acrescenta o recém-publicado ABCSG 16, que avaliou o uso estendido de anastrozol por 2 ou 5 anos após 5 anos prévios de qualquer terapia endócrina e também demostrou que estender o anastrozol por 2 anos foi comparável a mais 5 anos.

“O estudo italiano apresentado no congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica enfatiza a vantagem no prolongamento do uso do inibidor de aromatase, no caso letrozol, por 5 anos após 2 ou 3 anos de uso do tamoxifeno. Ao somarmos todos esses estudos, fica claro que o prolongamento do inibidor de aromatase, seja ele letrozol ou anastrozol, até completar um total de cerca de 7 anos de terapia endócrina, parece mandatório. Porém, ainda sinto falta de um estudo que esclareça de maneira precisa qual paciente merece receber o prolongamento terapêutico”, conclui.

O estudo foi financiado pela Novartis e pelo Ministério da Saúde italiano, e está registrado com EudraCT, 2005-001212-44, e ClinicalTrials.gov, NCT01064635.

Referência: Del Mastro L, Mansutti M, Bisagni G, et al. Extended therapy with letrozole as adjuvant treatment of postmenopausal patients with early-stage breast cancer: a multicentre, open-label, randomised, phase 3 trial. The Lancet Oncology; Published online 17 September 2021. DOI: https://doi.org/10.1016/S1470-2045(21)00352-1

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