Estudo selecionado para apresentação em pôster no ESMO 2021 buscou investigar o impacto de biomarcadores farmacodinâmicos em ensaios de fase I em imuno-oncologia para a confirmação da atividade biológica e recomendação da dose para estudos de fase II (RPD2). O oncologista Daniel Vilarim (foto), chefe do serviço de oncologia clínica do Hospital de Base, em São José do Rio Preto/SP, é coautor do trabalho.
Biomarcadores farmacodinâmicos (PD) são considerados fundamentais para balizar decisões em estudos de fase I (Ph1). Apesar do aumento da disponibilidade de biomarcadores oriundos do sangue, a necessidade de biópsias tumorais permanece comum.
Os pesquisadores revisaram ensaios de fase I publicados entre 2014 e 2020. Entre 12053 resumos selecionados, foram identificados 386 estudos de fase I em imuno-oncologia. Foram analisadas as características dos estudos que incluíram biomarcadores farmacodinâmicos em tratamento [derivados de tecidos (tPD), baseados em sangue (bPD) e baseados em imagens (iPD)], e coletados os resultados de biomarcadores farmacodinâmicos em termos de prova de mecanismo/atividade biológica e correlação significativa com os desfechos de eficácia. As declarações dos autores sobre a influência dos resultados de PD em estudo de fase II (RP2D) também foram anotadas.
Resultados
De 386 ensaios, 276 (72%) eram monoterapia. Os agentes imunológicos avaliados com mais frequência foram vacinas (32%) e inibidores de PD(L)1 (25%). Entre as combinações, 54 (49%) incluíram um segundo medicamento imunoterápico, enquanto os outros incluíram agentes alvo-molecular.
Em 100 estudos (26%), nenhum dado de biomarcadores farmacodinâmicos foi relatado. Dos 286 estudos restantes, tPD isolado, bPD isolado, iPD isolado e > 1 tipos de PD foram testados em 14 (5%), 189 (66%), 1 (0,3%) e 82 (29%), respectivamente. Entre 35 estudos tPD com resultados negativos, 16 relataram resultados bPD positivo.
“Esse trabalho demonstra que a grande maioria dos estudos de fase I coleta alguma forma de biomarcador de farmacodinâmica. Nos últimos anos, pela facilidade e disponibilidade, observa-se uma maior proporção de estudos usando-se de biomarcadores sanguíneos, em contraposição à biomarcadores de tecido”, observa Vilarim.
O especialista acrescenta que os biomarcadores de farmacodinâmica, em média, foram considerados positivos em fornecer indícios de atividade biológica ou prova de mecanismo da droga estudada em aproximadamente 60% dos casos. “Na opinião dos investigadores dos estudos, o uso de biomarcadores de farmacodinâmica ajudou na escolha da RP2D/desenvolvimento subsequente da droga em aproximadamente 50% dos casos. Faz-se necessário, no entanto, investigar o real impacto desses biomarcadores no desenvolvimento das drogas, acessando métricas sólidas, como por exemplo a correlação entre atividade clínica e biomarcadores farmacodinâmicos, ou o uso de biomarcadores farmacodinâmicos para escolha de dose ótima”, conclui.
Referência: 1002P Impact of pharmacodynamic biomarkers in phase I imune oncology trials