Análise de um grande conjunto de dados globalmente representativo agrupado a partir de 3 estudos observacionais avaliou eficácia de ixazomibe, lenalidomida e dexametasona (IRd) na população geral de pacientes de mieloma múltiplo recidivado/refratário, na terapia de segunda linha (LoT) ou ou linhas posteriores, e em subpopulações de pacientes definidas pelo status de fragilidade. Selecionado para apresentação em pôster no ASH 2021, o trabalho demonstrou que a eficácia do IRd na prática clínica de rotina é consistente com a os resultados observados no estudo TOURMALINE-MM1.
A combinação de ixazomibe, lenalidomida e dexametasona (IRd) foi aprovada para o tratamento do mieloma múltiplo recidivado/refratário (RRMM, da siga em inglês) com base nos resultados do estudo TOURMALINE-MM1, (mediana de sobrevida livre de progressão [SLP] com IRd vs placebo-Rd: 20,6 vs 14,7 meses). Vários estudos observacionais retrospectivos e prospectivos mostraram eficácia do IRd na segunda linha (LoT) ou linhas posteriores de tratamento no mundo real, comparável aos resultados observados no estudo MM1, com mediana de SLP variando de 15,6 a 27,6 meses.
A análise conjunta do INSURE incluiu os estudos INSIGHT MM, um grande estudo prospectivo que envolveu mais de 4200 pacientes de mieloma múltiplo da Europa, Ásia, Estados Unidos e América Latina, com um acompanhamento planejado ≥2 anos; o UVEA-IXA, estudo multicêntrico de coorte longitudinal de aproximadamente 300 pacientes RRMM recebendo tratamento à base de ixazomibe por meio de um programa de acesso precoce na Europa. O trabalho compreende uma fase retrospectiva (revisão do prontuário do período desde o início do ixazomibe até a inscrição na UVEA-IXA) seguida por um período de acompanhamento prospectivo de 1 ano; e o REMIX, estudo retrospectivo / prospectivo de aproximadamente 200 pacientes recebendo IRd por meio de um programa de uso compassivo na França.
A análise apresentada na ASH 2021 incluiu pacientes com mieloma múltiplo com duas ou mais linhas de terapia prévias, e que receberam IRd em ≥2º LoT. A sobrevida livre de progressão foi uma medida de desfecho primário; medidas de desfecho secundário incluíram duração do tratamento (DoT), taxa de resposta global (ORR), tempo até a próxima terapia (TTNT), sobrevida geral (SG) e segurança. Usando o método Kaplan-Meier, os desfechos de tempo até o evento foram analisados na população geral de análise, por LoT e em subpopulações de pacientes definidas por uma pontuação de fragilidade simplificada (0-1 [não frágil] vs ≥2 [frágil] ) Os eventos adversos (AEs) e as interrupções / reduções de dose devido a eventos adversos foram relatadas separadamente para cada estudo.
Resultados
No total, 566 pts foram identificados na análise agrupada (INSIGHT MM, n = 181; UVEA-IXA, n = 195; REMIX, n = 190), com um acompanhamento médio de 18,5 meses. A idade média no início da terapia com IRd foi de 68 anos (intervalo 36-92), com 21% dos pacientes com mais de 75 anos; 17,6% dos pacientes tinha um status de desempenho ECOG ≥2; os pacientes receberam uma mediana de 2 LoT antes do IRd; 41%, 38% e 21% dos pacientes receberam IRd como 2º, 3º e ≥ 4º LoT, respectivamente.
De 408 pacientes com scores de fragilidade registrados, 166 (41%) foram definidos como frágeis, com porcentagens semelhantes (39-42%) em todos os LoTs. A mediana de duração do tratamento (DoT) foi de 14 meses no geral e diminuiu com o aumento do LoT (Tabela). A mediana de SLP foi de 20,8 meses no geral, variando de 22,1 a 11,6 meses com IRd como 2º e ≥ 4º LoT, respectivamente (Tabela).
Os dados de sobrevida global ainda não estão maduros. Entre 406 pacientes avaliáveis por resposta, a ORR foi de 64,5%, sendo mais alta em pacientes que receberam IRd como 2º (70,7%) vs 3º (63,1%) ou ≥4º LoT (52,1%). Em pacientes frágeis vs não frágeis, a mediana de SLP foi de 11,9 vs 24,0 meses, enquanto a mediana DoT foi de 9,7 vs 16,1 meses, respectivamente; tendências consistentes para DoT / SLP mais longos com LoTs anteriores vs posteriores foram observadas em pacientes frágeis e não frágeis (Tabela).
As análises dos eventos adversos do REMIX estão em andamento. No INSIGHT, 30%, 23% e 18% dos pacientes interromperam ixazomibe, lenalidomida e dexametasona, respectivamente, devido a eventos adversos; 14%, 19% e 12% reduziram a respectiva dosagem de tratamento para controlar os eventos adversos. No UVEA-IXA, as taxas de descontinuação foram de 17%, 15% e 10%, respectivamente; 9%, 9% e 1% tiveram reduções de dose.
Os eventos adversos mais comuns que levaram à descontinuação de ixazomibe no INSIGHT e UVEA-IXA foram trombocitopenia (19 e 24%, respectivamente), diarreia (9 e 18%), infecções e infestações/infecção (15% e 6%), neuropatia periférica (7 e 12%), e fadiga apenas no INSIGHT (11%). As análises de TTNT, SG, eventos adversos associados à descontinuação do tratamento no REMIX e análises adicionais da coorte frágil estão em andamento.
O trabalho mostra que a eficácia do IRd na prática clínica de rotina é consistente com a eficácia do IRd observada no estudo TOURMALINE-MM1 (mediana de PFS 20,8 vs 20,6 meses), sem nenhum novo sinal de segurança. “Nossos resultados sugerem um benefício do tratamento com IRd em linhas anteriores vs posteriores, consistente com relatórios de estudos anteriores e menores de mundo real avaliando IRd em pacientes com mieloma múltiplo recidivado/refratário. Além disso, esta análise fornece informações importantes sobre a eficácia do IRd em pacientes frágeis, ajudando a aumentar a compreensão dos resultados alcançáveis nesta subpopulação”, concluíram os autores.
Table. Median DoT and PFS: overall, and by LoT and frailty status
Median DOT, months (95% confidence interval) |
Median PFS, Months (95% confidence interval) |
|||||
LoT |
All pts |
Frail |
Non-frail |
All pts |
Frail |
Non-Frail |
N=566 |
n=166 |
n=242 |
N=566 |
n=166 |
n=242 |
|
All |
14.0 |
9.7 |
16.1 |
20.8 |
11 .9 |
24.0 |
(12.1-16.5) |
(7.2-11.9) |
(12.7-20.4) |
(17.7-25.8) |
(9.0-15.8) |
(18.2-30.9) |
|
2nd |
16.9 |
11.3 |
18.6 |
22.1 |
13.5 |
NR |
(12.7-20.7) |
(6.5-14.1) |
(12.7-41 .2) |
(18.9-51 .8) |
(9.1-21 .7) |
||
3rd |
14.8 |
9.4 |
14.8 |
19.9 |
12.9 |
21 .2 |
(11.6-18.5) |
(5.3-13.9) |
(10.9-20.4) |
(14.0-27.1) |
(7.8-19.9) |
(13.9-27.5) |
|
≥4th |
7.5 |
3.7 |
12.1 |
11.6 |
4.8 |
18.2 |
(5.3-12.2) |
(1 .8-9.8) |
(6.3-28.3) |
(7.1-NR) |
(2.5-15.8) |
(7.1-NR) |
NR, not reached.
Referência: 2701 The INSURE Study (INSIGHT MM, UVEA-IXA, REMIX): A Pooled Analysis of Relapsed/Refractory Multiple Myeloma (RRMM) Patients (pts) Treated with Ixazomib-Lenalidomide-Dexamethasone (IRd) in Routine Clinical Practice - Xavier Leleu et al
Program: Oral and Poster Abstracts
Session: 652. Multiple Myeloma and Plasma cell Dyscrasias: Clinical and Epidemiological: Poster II
Hematology Disease Topics & Pathways:
Adults, Clinical Research, Health Outcomes Research, Plasma Cell Disorders, Elderly, Diseases, Real World Evidence, Registries, Lymphoid Malignancies, Study Population
Sunday, December 12, 2021, 6:00 PM-8:00 PM