O oncologista Diogo Assed Bastos (foto), médico do ICESP e do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, é o primeiro autor de estudo de Fase II selecionado para apresentação em pôster no ASCO GU 2021 que avaliou a eficácia e segurança de abiraterona em pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração virgens de quimioterapia que progrediram após o uso de dietilestilbestrol.
O uso de dietilestilbestrol (DES) para o tratamento do câncer de próstata metastático resistente à castração (mCRPC) é muito comum em países em desenvolvimento. Dados retrospectivos sugerem que o acetato de abiraterona é ativo em pacientes que progrediram para DES.
Neste estudo, foram incluídos pacientes com CRPC metastático refratários ao dietilestilbestrol com terapia de privação androgênica em andamento, nível de testosterona sérico <50 ng / dL e ECOG de 0-2. Todos os pacientes receberam abiraterona 1.000 mg com prednisona 5 mg uma vez ao dia em ciclos de 28 dias. O endpoint primário foi o tempo de progressão do PSA (PSAP) pelo PCWG2 e foi relatado anteriormente. NO ASCO GU 2021, foram apresentados os endpoints secundários: sobrevida global, resposta do PSA, alteração máxima do PSA desde o baseline e segurança.
Foram nscritos um total de 46 pacientes, com mediana de 69,8 anos de idade. 76% dos pacientes tinham gleason> = 7 ao diagnóstico, tempo médio da doença metastática até a descontinuação do dietilestilbestrol de 25,9 meses e uma mediana de duração do dietilestilbestrol prévio de 7,2 meses. O tratamento com abiraterona resultou em um tempo médio de progressão do PSA de 7,3 meses. A taxa de resposta do PSA (³ 50%) foi de 47,5% (95% CI: 36,1% a 68,5%) em 12 semanas e 57,5% (95% CI: 27,0% a 59,1%) a qualquer momento. 93,4% dos pacientes receberam quimioterapia após a progressão para abiraterona. A mediana de sobrevida global foi de 29,6 meses.
Declínios substanciais nos andrógenos séricos do baseline até a semana 12 ocorreram e, neste grupo, houve uma proporção maior de respostas de PSA. A incidência de eventos adversos (EAs) relacionados à abiraterona foi de 74% e prednisona de 59%. Hipertensão (21,7%), fadiga (19,6%) e edema periférico (13,0%) foram os eventos adversos mais frequentes relacionados com o uso de abiraterona. Os eventos adversos mais frequentes relacionados com prednisona foram hiperglicemia (15,2%) e hipertensão (10,9%). Eventos adversos graves ocorreram em 23,9% dos indivíduos e 3 indivíduos (6,5%) morreram por causas não relacionadas aos medicamentos avaliados no estudo.
Os resultados demonstraram que abiraterona é bem tolerada e tem atividade demonstrada em pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração previamente tratados com dietilestilbestrol, e deve ser considerada como uma opção em pacientes sem quimioterapia prévia. “Os níveis séricos de andrógenos tendem a diminuir com o tratamento com abiraterona e estão associados à respostas do PSA”, destacaram.
O estudo foi financiado pela Janssen Cilag e está registrado em ClinicalTrial.Gov, NCT02217566.
“O estudo confirmou a hipótese de que a abiraterona é eficaz no cenário da doença resistente à castração mesmo em pacientes tratados previamente com estrógeno. A droga se mostrou ativa e no momento estamos conduzindo estudos exploratórios de biomarcadores que deverão ser publicados em breve”, concluiu Bastos.
Referência: Abstract 130 - Abiraterone acetate in patients with metastatic castration-resistant prostate cancer, chemo-naive, who received a prior diethylstilbestrol therapy. - J Clin Oncol 39, 2021 (suppl 6; abstr 130) - DOI: 10.1200/JCO.2021.39.6_suppl.130