Estudo selecionado para apresentação em pôster no ASCO GU 21 buscou avaliar os resultados de qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) de pacientes com carcinoma de células renais participantes de estudo de Fase II que investigou duas diferentes doses iniciais de lenvatinibe em combinação com everolimus após um tratamento prévio com anti-VEGF. A psico-oncologista Cristiane Bergerot (foto), do Centro de Câncer de Brasília (CETTRO), é a primeira autora do trabalho.
O carcinoma de células renais (CCR) é o tipo mais comum de câncer renal, constituindo 80% a 85% das neoplasias renais primárias. Preservar a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) é um objetivo importante durante o tratamento de CCR, mas as análises de QVRS em ensaios clínicos prospectivos em câncer renal são limitadas. Nesse estudo, os pesquisadores buscaram avaliar as mudanças na qualidade de vida relacionada à saúde, um endpoint secundário deste estudo de Fase II, aberto, multicêntrico e randomizado, que comparou a segurança e eficácia de duas doses iniciais diferentes de lenvatinibe (18 mg vs. 14 mg por dia) em combinação com everolimus (5 mg/dia), após um tratamento anterior direcionado ao fator de crescimento endotelial vascular.
A QVRS foi avaliada através de três instrumentos diferentes, incluindo FKSI-DRS, EORTC QLQ-C30 e EQ-5D-3L. A mudança da QVRS do baseline foi avaliada usando modelos lineares de efeitos mistos. As análises de eventos para o tempo de deterioração (TTD) foram definidas usando limites estabelecidos para diferenças minimamente importantes na mudança do baseline para cada escala (ou seja, 10 pontos para EORTC, 3 pontos para FKSI-DRS, 0,08 pontos para índice EQ-5D, e 10 pontos para EQ-VAS). A distribuição de TTD e mediana de TTD para cada braço de tratamento foram estimadas pelo método de Kaplan-Meier.
Resultados
As características do baseline, incluindo pontuações do baseline dos 343 participantes randomizados para 14 mg/dia (n = 172) e 18 mg/dia de lenvatinibe (n = 171), foram bem equilibradas. As pontuações médias para o grupo de 18 mg/dia foram geralmente mais altas, com menor gravidade dos sintomas em comparação com o grupo que recebeu 14 mg/dia.
As estimativas de mediana de mínimos quadrados para alteração do baseline foram favoráveis para o grupo de 18 mg/dia em comparação com o grupo que recebeu 14 mg/dia para o FKSI-DRS e para a maioria das escalas EORTC QLQ-C30; no entanto, as diferenças entre os tratamentos não excederam a diferença minimamente importante para significado clínico. Ambos os braços do estudo mostraram um aumento da gravidade da diarreia. A mediana de tempo para deterioração foi mais longa entre os participantes do grupo de 18 mg/dia em comparação com os pacientes que receberam 14 mg/dia para a maioria das escalas.
Os autores observaram que na maioria das escalas, os participantes que receberam uma dose inicial de lenvatinibe de 18 mg/dia apresentaram melhor qualidade de vida relacionada à saúde e maior tempo de deterioração em comparação com aqueles que que receberam uma dose inicial de 14 mg/dia. “Esses achados sugerem que o regime de tratamento aprovado de uma dose inicial de 18 mg de lenvatinibe em combinação com everolimus permanece favorável para o tratamento de pacientes com carcinoma de células renais após um tratamento prévio anti-VEGF”, concluíram.
O estudo foi financiado pela Eisai Inc. and Merck & Co Inc.
Informações do ensaio clínico: NCT03173560.
Referência: Abstract #: 314 - Health-related quality-of-life outcomes from a phase II open-label trial of two different starting doses of lenvatinib in combination with everolimus for treatment of renal cell carcinoma following one prior VEGF-targeted treatment. – Cristiane Decat Bergerot, PhD, MS, BS - J Clin Oncol 39, 2021 (suppl 6; abstr 314) - DOI: 10.1200/JCO.2021.39.6_suppl.314