Selecionada para apresentação oral no ASCO 2021, análise final do estudo de fase III KEYNOTE-426, com mediana de acompanhamento de 42,8 meses, confirmou a eficácia e segurança da combinação de pembrolizumabe e axitinibe em comparação com sunitinibe como tratamento de primeira linha do carcinoma de células claras renais avançado (ccRCC). O oncologista Sergio Azevedo (foto), Professor da Faculdade de Medicina da UFRGS e Chefe do Serviço de Oncologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), é coautor do trabalho.
Desde a primeira análise interina do estudo randomizado, multicêntrico, aberto, de fase III KEYNOTE-426, o tratamento com pembrolizumabe + axitinibe melhorou significativamente a sobrevida global, sobrevida livre de progressão e taxa de resposta objetiva em comparação com a monoterapia com sunitinibe no carcinoma renal de células claras (ccRCC) virgem de tratamento. O acompanhamento estendido (mediana, 30,6 meses) continuou a demonstrar a eficácia superior da combinação nessa população de pacientes.
“O uso combinado de inibidores de checkpoint e drogas antiangiogênicas revelou-se uma estratégia eficaz em câncer renal de célula claras metastático, com ganho em sobrevida e sobrevida sem progressão documentado e sustentado. A combinação pembrolizumabe e axitinibe mostrou-se tolerável com o conceito de manejo atento aos potenciais efeitos colaterais, condutas que já estão difundidas na comunidade oncológica”, destaca Azevedo.
No estudo, pacientes virgens de tratamento com ccRCC avançado, KPS ≥70% e doença mensurável (RECIST v1.1) foram randomizados 1: 1 para receber pembrolizumabe 200 mg IV Q3W por até 35 doses + axi 5 mg via oral BID ou sunitinibe 50 mg via oral QD em um cronograma de 4 semanas on/2 semanas off até a progressão, toxicidade inaceitável ou retirada do consentimento.
A randomização foi estratificada pelo risco IMDC (favorável vs intermediário vs pobre) e região geográfica (América do Norte vs Europa Ocidental vs Resto do Mundo). Os endpoints primários duplos foram sobrevida global (SG) e sobrevida livre de progressão (SLP). Os desfechos secundários incluíram taxa de resposta objetiva (ORR), duração de resposta (DOR) e segurança. A análise final especificada por protocolo foi baseada em um alvo de 404 eventos de SG. Nenhum teste de hipótese formal foi realizado porque todos os desfechos de eficácia foram atendidos anteriormente na primeira análise intermediária; os valores nominais de P são relatados.
Resultados
No geral, 861 pacientes foram randomizados para receber pembro + axi (n = 432) ou sunitinibe (n = 429). A mediana de duração do acompanhamento, definida como o tempo desde a randomização até a data de cutoff de dados foi de 42,8 meses (variação, 35,6-50,6). No cutoff de dados, 418 pacientes haviam morrido: 193 (44,7%) de 432 pacientes no braço pembro + axi vs 225 (52,4%) de 429 pacientes no braço sunitinibe.
Em comparação com sunitinibe, pembro + axi melhorou a SG (mediana: 45,7 vs 40,1 meses; HR, 0,73 [95% CI, 0,60-0,88]; P <0,001) e SLP (mediana: 15,7 vs 11,1 meses; HR, 0,68 [95% CI, 0,58-0,80]; P <0,0001). A taxa de SG em 42 meses foi de 57,5% com pembro + axi vs 48,5% com sunitinibe; a taxa de SLP em 42 meses foi de 25,1% com pembro + axi vs 10,6% com sunitinibe. Para pembro + axi vs sunitinibe, a ORR foi de 60,4% vs 39,6% (P <0,0001); A taxa de resposta completa foi de 10,0% vs 3,5%; mediana de duração de resposta foi de 23,6 meses (intervalo de 1,4+ a 43,4+) vs 15,3 meses (intervalo de 2,3-42,8+).
A terapia anticâncer subsequente foi administrada a 47,2% dos pacientes no braço pembro + axi vs 65,5% dos pacientes no braço sunitinibe. Embora uma proporção semelhante de pacientes em cada braço tenha recebido inibidores de VEGF/VEGFR, apenas 10,2% dos pacientes no braço pembro + axi receberam tratamento subsequente com um inibidor PD-1/L1 em comparação com 48,7% dos pacientes no braço de sunitinibe. Nenhum novo sinal de segurança foi observado.
“Com um acompanhamento médio de 42,8 meses, este é o acompanhamento mais longo de uma imunoterapia anti-PD-1/L1 combinada com um inibidor de VEGF/VEGFR na primeira linha de tratamento do carcinoma de células renais. Estes resultados mostram que pembro + axi continua a demonstrar eficácia superior em relação ao sunitinibe em relação a SG, SLP e ORR, sem novos sinais de segurança”, destacam os autores.
Azevedo acrescenta que os resultados favoráveis, com ganho em sobrevida na análise final do estudo por intenção de tratamento (ITT), também foram também observados em todos os subgrupos, inclusive os de prognóstico favorável (baixo risco) pelo IMDC que haviam sido excluídos de outros estudos. “O amplo intervalo de confiança nesta análise de subgrupo (cerca de 31% dos casos em cada braço) não atingiu significância estatística. Este grupo risco favorável pelo IMDC merece nossa atenção e busca científica de melhora em resultados sobre os antiangiogênicos em uso isolado”, conclui o oncologista.
O estudo foi financiado pela Merck Sharp & Dohme Corp., uma subsidiária da Merck & Co., Inc., Kenilworth, NJ, EUA.
Informações do ensaio clínico: NCT02853331
Referência: Abstract 4500 - Pembrolizumab (pembro) plus axitinib (axi) versus sunitinib as first-line therapy for advanced clear cell renal cell carcinoma (ccRCC): Results from 42-month follow-up of KEYNOTE-426 - Brian I. Rini et al - Citation: J Clin Oncol 39, 2021 (suppl 15; abstr 4500) - DOI: 10.1200/JCO.2021.39.15_suppl.4500
Session Type: Oral Abstract Session - Genitourinary Cancer—Kidney and Bladder