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AtualizadoQua, 15 Maio 2024 8pm

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ASCO 2021

Uso de quimioterapia no final da vida no Brasil

munir bxMunir Murad Junior (foto), médico da Clínica Oncomed, de Belo Horizonte, é primeiro autor de estudo brasileiro que integra o programa científico do ASCO 2021 e mostra que a taxa de uso de quimioterapia no último mês de vida permanece alta entre os pacientes com câncer no Brasil.

Os autores lembram que as taxas de quimioterapia no final da vida variam em todo o mundo, mas, em resumo, até um quinto dos pacientes com câncer são tratados com quimioterapia no último mês de vida, sem benefícios claros. “O objetivo deste estudo é descrever a taxa de uso de quimioterapia no último mês de vida em pacientes candidatos a cuidados paliativos no Brasil”, destacam os autores.

A quimioterapia nos últimos dias de vida não está associada a benefício de sobrevida e dados recentes sugerem que ela pode causar danos ao diminuir a qualidade de vida e aumentar os custos. Murad Júnior e colegas reforçam que ESMO e ASCO publicaram declarações de posicionamento encorajando discussões sobre a interrupção adequada da quimioterapia.

Nesta coorte prospectiva foram considerados pacientes que iniciaram o tratamento oncológico no Sistema Único de Saúde entre 2009 e 2014 e que estiveram internados pelo menos 1 vez após o início do tratamento. Para atender à indicação de cuidados paliativos, foram selecionados os pacientes cujo óbito ocorreu no prazo de um ano após a primeira internação. 

Resultados

Um total de 299.202 pacientes iniciaram o tratamento contra o câncer naquele período e 62.249 morreram 1 ano após a internação. Entre os pacientes falecidos, a mediana de idade foi de 62 anos, 50,9% deles estavam em estágio IV e 34,1% em estágio III e 46% residiam na região sudeste do país. Os cânceres mais comuns foram de pulmão (n = 17805; 28,6%) colorretal (n = 12273; 19,7%) e gástrico (n = 10248; 16,5%). O número médio de internações foi de 2,7 e 89% desses pacientes necessitaram de internação de emergência. Cerca de metade (45,4%; n = 28.250) dos pacientes fez quimioterapia nos últimos 30 dias de vida. As taxas de uso de quimioterapia no último mês foram de 44% para câncer de pulmão, 74,4% para câncer de cólon, 50,2% para câncer gástrico e de 51,8% para câncer de mama.

‘Apesar das recomendações internacionais sobre o uso de quimioterapia no final da vida, essa parece ser uma prática comum, infelizmente. Medidas para implantação de cuidados paliativos precoces devem ser uma prioridade para o atendimento aos pacientes com câncer no Brasil’, concluem os autores.

O estudo tem financiamento da CNPq e da FAPEMIG. 

Referência: Abstract e24003 - Chemotherapy use at the end of life in Brazil. - Munir Murad Junior, Thiago Henrique Mascarenhas Nébias, Marcos Antonio da Cunha Santos, Mariangela Cherchiglia; Clinica Oncomed, Belo Horizonte, Brazil; Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brazil
Session: Publication Only: Symptoms and Survivorship

 

 
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