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AtualizadoQua, 15 Maio 2024 8pm

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Daichii Sankyo

 

ASCO 2021

Breast Cancer Index e benefício da terapia estendida com inibidor de aromatase

silvio melhor bxEstudo cooperativo do NRG Oncology/NSABP destacado em sessão oral mostra resultados do Breast Cancer Index (BCI) como preditor do benefício da terapia estendida com inibidor de aromatase no câncer de mama receptor hormonal (RH+). “O estudo conclui que o BCI preditivo não discriminou o benefício do letrozol estendido em relação ao intervalo livre de recorrência, e que a recorrência à distância foi tempo dependente”, esclarece o mastologista Silvio Bromberg (foto).

Bromberg explica que o BCI é um teste avaliado através da análise da expressão molecular de 11 genes, compostos por 2 paineis; o molecular grade index (5 genes que avaliam a proliferacao tumoral); e a razão da expressão dos genes hoxb13/il17br (h/i) que analisa a via de sinalização estrogênica. “Ele foi desenhado para ser preditivo do benefício da extensão da terapia endócrina, assim como para prognosticar as pacientes com tumores hormônio- sensível e que já usaram 5 anos de terapia endócrina. Traz então em seu resultado uma classificação de alto e baixo risco de recorrência em 5 e 10 anos após o uso de 5 anos de terapia endócrina, assim como o benefício do uso da hormonioterapia extendida”, esclarece.

“O BCI já foi validado em vários estudos e mostra que um BCI prognóstico baixo mostra uma chance de recorrência em torno de 3%, e um BCI prognóstico alto, mostra uma chance de recorrência em torno de 10%. Já o BCI preditivo (relação h/i) baixo mostra que não haveria um benefício da hormonioterapia estendida, enquanto o alto mostra um benefício (validado, por exemplo, no trans attom study, ma17, sotckholm study, ideal)”, acrescenta.

No ASCO 2021, o grupo do NSABP analisou o benefício preditivo do BCI (h/i) pra o emprego do letrozol como terapia estendida no ensaio NSABP B 42. “Vale lembrar que o estudo englobou pacientes na pós-menopausa, com câncer de mama invasivo, receptores estrogênio e progesterona positivos, estadio I,II, IIA, randomizadas para inibidores de aromatase por 5 anos, e no outro braço tamoxifeno por até 3 anos + inibidores de aromatase até completar 5 anos de terapia endócrina”, observa Bromberg.

Após estratificação conforme o status linfonodal, uso ou não de tamoxifeno prévio e densidade óssea, as pacientes foram divididas para receber mais 5 anos de letrozol ou 5 anos de placebo. Bromberg ressalta que os resultados de 10 anos desse estudo foram apresentados no San Antonio Breast Cancer 2019, e mostraram que o grupo que recebeu letrozol estendido teve um aumento do tempo livre de doença (hr = 0.85, p estatisticamente significante) e mostrou um benefício absoluto de 2,7% no tempo livre de doença invasiva, e um benefício absoluto de 1,8% sobre a recorrência à distância; porém, não mostrou diferença na sobrevida global entre os 2 grupos (tamoxifeno e placebo).

Agora, a análise apresentada nesse encontro anual da ASCO discute o efeito de BCI-h/i como preditor do benefício de terapia estendida (eet) no ensaio NSABP B -42, avaliando letrozol estendido (elt) em pacientes com câncer de mama receptor hormonal (hr+) que completaram 5 anos de terapia endócrina. “O objetivo primário foi checar se o status do BCI alto e baixo foram preditivos da extensão de 5 anos do letrozol, e o objetivo secundário foi mostrar a performance preditiva do BCI independente do status linfonodal, uso prévio de tamoxifeno e do status HER2. É importante lembrar que esse estudo não teve como meta analisar o BCI prognóstico”, explica o mastologista.

Foram elegíveis todas as pacientes com tecido de tumor primário disponível. O endpoint primário foi o intervalo livre de recorrência (RFI, da sigla em inglês). Endpoints secundários foram recorrência à distância (RD), intervalo livre de câncer de mama (BCFI, da sigla em inglês) e sobrevida livre de doença (SLD). Foi utilizado o modelo estratificado de riscos proporcionais de Cox. Devido a um efeito não proporcional de letrozol estendido na recorrência à distância, análises secundárias dependentes do tempo (≤4y,> 4y) foram realizadas. O teste da razão de verossimilhança avaliou o tratamento pela interação BCI-H / I. 

Resultados

Em 2.179 pacientes analisados ​​(60% N0; 62% AI apenas; 80% HER2-), 45% eram BCI-H / I-Alto e 55% BCI-H / I-Baixo. O tratamento estendido com letrozol mostrou benefício absoluto em 10 anos de 1,6% para o intervalo livre de recorrência (HR = 0,77, IC 95% 0,57-1,05, p = 0,10) (BCI-H / I-Baixo: 1,1% [HR = 0,69, 0,43-1,11, p = 0,13]; BCI-H / I-High: 2,4% [HR = 0,83, 0,55-1,26, p = 0,38]; interação p = 0,55). 

Os dados apresentados no congresso ASCO 2021 não mostram que a terapia estendida com letrozol apresenta benefício estatisticamente significativo para intervalo livre de câncer de mama (BCI-H / I-Baixo: HR = 0,53, 0,36-0,78, p = 0,001; BCI-H / I-Alto: HR = 0,85, 0,60- 1,21, p = 0,36; interação p = 0,07) ou para sobrevida livre de doença (BCI-H / I-Baixo: HR = 0,75, 0,58-0,95, p = 0,017; BCI-H / I-Alto: HR = 0,81, 0,64-1,04, p = 0,09; interação p = 0,62). Antes de 4 anos, não havia benefício significativo de letrozol estendido na recorrência à distância em nenhum dos grupos BCI-H / I.

Após 4 anos, os pacientes BCI-H / I-Alto tiveram benefício estatisticamente significativo da terapia estendida com letrozol na recorrência à distância (HR: 0,29, 0,12-0,69, p = 0,003), enquanto os pacientes BCI-H / I-Baixo foram menos propensos a se beneficiar (HR: 0,68, 0,33-1,39, p = 0,28) (interação p = 0,14).

“O estudo conclui que o BCI preditivo não discriminou o benefício de letrozol estendido em relação ao intervalo livre de recorrência, e também mostrou que a recorrência à distância foi tempo dependente. “Na minha opinião, esse estudo segue quebrando paradigmas, ressignificando algoritmos antes muito solicitados e que através de novos estudos perderam força na sua indicação, como o mammaprint high clinical risk na pré-menopausa e rxponder em pacientes N+ na prémenopausa, ou seja, o BCI H/I, por esse estudo, é um exame dispensável”, conclui Bomberg.

Informações do ensaio clínico: NCT00382070

 

BCI-H/I

≤ 4 y

> 4 y

HR (95%CI)

4y abs. benefit (%)

P

HR (95%CI)

10y abs. benefit (%)

P

All

All

0.85 (0.51, 1.43)

0.4

0.55

0.47 (0.28, 0.81)

1.7

0.005

L

0.47 (0.19, 1.17)

1.1

0.10

0.68 (0.33, 1.39)

0.4

0.28

H

1.21 (0.63, 2.32)

-0.4

0.56

0.29 (0.12, 0.69)

3.6

0.003

N0

L

0.28 (0.03, 2.48)

0.7

0.22

1.05 (0.35, 3.14)

-1.0

0.93

H

2.03 (0.62, 6.60)

-1.5

0.23

0.32 (0.06, 1.68)

1.8

0.16

N+

L

0.54 (0.19, 1.48)

2.4

0.22

0.49 (0.19, 1.28)

3.5

0.14

H

0.94 (0.42, 2.09)

0.5

0.87

0.28 (0.10, 0.77)

5.6

0.009

AI Only

L

0.50 (0.15, 1.70)

0.8

0.26

0.70 (0.29, 1.68)

0.6

0.42

H

1.06 (0.48, 2.37)

0.2

0.89

0.42 (0.15, 1.19)

3.2

0.09

Tam-AI

L

0.44 (0.11, 1.70)

1.7

0.22

0.63 (0.18, 2.24)

0.1

0.47

H

1.56 (0.51, 4.76)

-1.5

0.43

0.16 (0.04, 0.76)

4.3

0.009


Referência: Abstract 501 - Breast Cancer Index (BCI) and prediction of benefit from extended aromatase inhibitor (AI) therapy (tx) in HR+ breast cancer: NRG oncology/NSABP B-42 - Eleftherios P. Mamounas et al.

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