Ensaio multicêntrico de fase II que avaliou ixazomibe de manutenção após transplante de células hematopoiéticas alogênicas (aloHCT) no tratamento de pacientes com mieloma múltiplo de alto risco (MM) foi um dos destaques da ASCO na sexta-feira, 4 de junho, na sessão oral dedicada a malignidades hematológicas. O estudo conta com a participação do brasileiro Marcelo C. Pasquini (foto), médico do Medical College of Wisconsin.
O papel do alloHCT e a subsequente manutenção para o tratamento de MM de alto risco não foi totalmente definido. Neste ensaio, o objetivo foi avaliar a eficácia da terapia de manutenção com ixazomibe após alloHCT usando regime de intensidade reduzida baseado em fludarabina / melfalano / bortezomibe (Flu / Mel / Bort) para tratar pacientes com MM de alto risco.
Este ensaio multicêntrico prospectivo de fase II (NCT # 02440464) inscreveu adultos ≤ 70 anos, com MM de alto risco definido por citogenética ou leucemia de células plasmáticas (PCL) ou que recidivaram dentro de 24 meses após HCT autólogo. O regime de condicionamento consistiu em Flu / Mel / Bort. Os pacientes receberam enxertos de sangue periférico não manipulado de dadores compatíveis com HLA. A profilaxia da doença do enxerto contra o hospedeiro (GVHD) foi tacrolimus mais metotrexato.
Entre os dias +60 e +120 após o HCT alogênico, os pacientes foram randomizados (1: 1, estratificados pelo número de progressões anteriores) para receber ixazomibe 3 mg por via oral nos dias 1, 8 e 15 em um ciclo de 28 dias, ou placebo correspondente por 12 ciclos.
O estudo teve como objetivo inscrever 138 pacientes, mas 110 pacientes foram elegíveis e randomizados em dois grupos para comparar a sobrevida livre de progressão (SLP) com o regime de manutenção com ixazomibe versus placebo.
Cinquenta e sete pacientes de 15 centros foram inscritos (2015-18), dos quais 52 (91,2%) receberam TCH alogênico e 43 (82,7%) seguiram para a randomização (21 para ixazomibe e 22 para placebo). Os autores descrevem que a inscrição foi adiada por toxicidade relacionadas ao regime de condicionamento e uma emenda reduziu Bort a uma única dose pré-HCT. Esses e outros atrasos na inscrição levaram ao encerramento prematuro do estudo.
Os resultados apresentados por Taiga Nishihori, do Moffitt Cancer Center, mostram que alloHCT com intensidade reduzida de fludarabina / melfalano e uma única dose pré-HCT de bortezomibe é seguro e pode produzir controle durável da doença em pacientes de risco extremamente alto. A manutenção com ixazomibe após alloHCT não pôde ser avaliada devido ao encerramento precoce do estudo, mas não houve sinal de impacto nos resultados.
O estudo foi promovido pela Rede de Ensaios Clínicos de Transplante de Medula e Sangue (Blood and Marrow Transplant Clinical Trials Network - BMT CTN 1302).
Informações do ensaio clínico: NCT02440464
Referência: Abstract 7003 - The results of multicenter phase II, double-blind placebo-controlled trial of maintenance ixazomib after allogeneic hematopoietic cell transplantation (alloHCT) for high-risk multiple myeloma (MM) from the Blood and Marrow Transplant Clinical Trials Network (BMT CTN 1302). - Taiga Nishihori et al - J Clin Oncol 39, 2021 (suppl 15; abstr 7003) - DOI: 10.1200/JCO.2021.39.15_suppl.7003