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AtualizadoQua, 15 Maio 2024 8pm

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ESMO GI 2020

Oncologista brasileiro recebe o Young Investigator Award no ESMO GI 2020

taboada 2O oncologista brasileiro Rodrigo Taboada (foto), do A.C.Camargo Cancer Center, foi um dos dez jovens especialistas escolhidos pela Sociedade Europeia de Oncologia para receber o Young Investigator Award na ESMO GI 2020. O prêmio foi concedido pelo estudo que comparou as características clínico-patológicas e moleculares de carcinomas e tumores neuroendócrinos de alto grau.

“Acredito que esta premiação pode fomentar novas parecerias e projetos, o que é fundamental quando se estuda doenças raras”, avalia Taboada.

Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) subclassificou as neoplasias neuroendócrinas gastroenteropancreáticas de grau 3 (NEN GEP G3) em carcinomas neuroendócrinos (NEC) ou tumores neuroendócrinos (G3 NET). No entanto, ainda existem poucos dados sobre perfis clínicos e moleculares das neoplasias neuroendócrinas G3.

O oncologista esclarece que o estudo avalia neoplasias neuroendócrinas de alto grau do trato gastrointestinal, tumores muito raros e mais agressivos do que sua contraparte de baixo grau. “Por serem raros e agressivos há uma necessidade de um maior conhecimento sobre eles. Nesse contexto, o nosso estudo buscou identificar características moleculares que futuramente possam ser úteis como alvos para tratamentos. Nossa contribuição veio em um momento oportuno, tendo em vista a nova classificação dos tumores neuroendócrinos oficializada em julho do ano passado”, destaca. 

Os autores coletaram retrospectivamente dados de todos os pacientes com neoplasias neuroendócrinas gastroenteropancreáticas de grau 3 diagnosticados e tratados no A.C.Camargo entre 2000 e 2019. Os casos com tecidos tumorais disponíveis foram revisados ​​e reclassificados de acordo com a classificação da OMS 2019.

Os tecidos de neoplasias neuroendócrinos fixados em formalina e embebidos em parafina tiveram o DNA extraído para criação de perfil genômico por meio do sequenciamento de próxima geração (NGS), que avaliou perfis de mutações, carga de mutação tumoral (TMB) e presença de instabilidade de microssatélites. O endpoint primário foi a sobrevida desde o início do tratamento.

Foram incluídos 77 pacientes com mediana de idade ao diagnóstico de 56 anos (26-91); 62% (48/77) eram do sexo masculino. Os locais de tumor primário mais comuns foram estômago (27%, 21/77), pâncreas (23%, 18/77) e NEN de primário desconhecido (23%, 18/77). A doença metastática estava presente em 69% dos pacientes no momento do diagnóstico e 91% desenvolveram metástase.

Entre 77 pacientes, 43 (56%) tiveram revisão patológica: 29 casos foram carcinomas neuroendócrinos (NEC; 67%) e 14 foram reclassificados como tumores G3 NET (33%), com uma alteração no diagnóstico de 23%. Em um seguimento mediano de 44 meses, a mediana de sobrevida global no G3 NET digestivo não pancreático, no G3 NET pancreático e no GEP NEC foi de 23,7, 55,6 e 10,8 meses, respectivamente (G3 NET não pancreático vs NEC, p <0,01).

A mediana de sobrevida global no G3 NET com ki67> 55%, NEC 55% foi de 19, 25 e 8 meses, respectivamente. Na análise multivariada da regressão de Cox, apenas a diferenciação celular foi mantida como risco de morte (HR 3,14 NEC vs G3 NET; P = 0,025). O NGS foi realizado em 42% (32/77) dos casos: 21 NEC e 11 G3 NET.

A carga média de mutação tumoral foi de 5,67 (0-66,82) mutações por megabase entre os NEC e 4,52 (0-8,83) entre os G3 NET. Três (14,3%) casos de NEC apresentavam instabilidade de microssatélites em comparação com nenhum caso entre os pacientes G3 NET. Os genes mutados mais comuns em G3 NET foram TP53 (N=3; 27,3%), CDKN2A (N=3; 27,3%) e KRAS (2/11, 18,2%); entre os NEC, os genes mutados mais comuns foram TP53 (N=15; 71,4%), Rb1 (N=7; 33,3%), PTEN (N=6; 28,6%) e APC (N=4; 19%).

“O G3 NET digestivo não pancreático está associado ao aumento da sobrevida em comparação com o NET. A revisão patológica é essencial para estimar o prognóstico e, consequentemente, o plano terapêutico, pois parte do G3 NET pode ser tratada como G2 NET. Enquanto G3 GEP NEN geralmente abriga baixa carga de mutação tumoral e menos mutações acionáveis, 14% dos casos de NEC eram microssatélites instáveis ​​e poderiam se beneficiar de inibidores de checkpoint imune”, concluíram os autores.

Referência: Clinical, pathological and molecular profiles of G3 neuroendocrine tumors and neuroendocrine carcinomas - R. Taboada, L. Claro, T. Felismino, F. Campos, V. Jesus, M. Barros e Silva, R. Riechelmann AC Camargo Cancer Center, Sao Paulo, Brazil - https://doi.org/10.1016/j.annonc.2020.04.468 

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