Estudo selecionado para apresentação em poster no ESMO Virtual Congress 2020 buscou avaliar a gravidade da infecção por COVID-19 em pacientes com câncer, determinando os aspectos clínicos e epidemiológicos que estão associados a piores desfechos. O oncologista Marcos Magalhães (foto), do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), é o primeiro autor do trabalho (1770P).
Pacientes com câncer têm maior probabilidade de desenvolver infecções devido a um sistema imunológico mais frágil em decorrência do tratamento oncológico, aumentando a chance de contaminação por COVID-19 e conferindo maior mortalidade.
Os pesquisadores examinaram a associação entre pacientes com câncer com diagnóstico de COVID-19 e insuficiência respiratória, necessidade de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e óbito em um centro médico na cidade de São Paulo. Foram incluídos pacientes com câncer em tratamento ou em acompanhamento infectados por COVID-19, e excluídos aqueles com diagnóstico de câncer in situ, células escamosas cutâneas e câncer de pele basocelular. Doença ativa foi definida como doença metastática ou menos de 1 ano após o término do tratamento com intenção curativa.
Resultados
Entre 90 pacientes analisados, a média de idade foi de 56 anos e 80% eram do sexo feminino. Em relação à histologia, o câncer de mama representou a maioria dos casos com 35,6% e o câncer de colo do útero 21,1%. No geral, 51,6% estavam em estágio IV (55,6% com doença metastática) e 43,3% dos pacientes apresentavam um bom performance status no momento do diagnóstico de COVID-19. Após a internação inicial, 30 pacientes (33,3%) foram encaminhados para uma UTI. Dos 90 pacientes acompanhados inicialmente, 34 morreram (37,7%). Doença metastática e doença ativa foram relacionados ao aumento da mortalidade (P = 0,041 e P = 0,006, respectivamente).
“Neste estudo observacional com pacientes com câncer diagnosticados com COVID-19, doença metastática e performance status comprometido foram relacionados ao aumento da mortalidade. Essa análise contribui para a seleção de quais pacientes podem ganhar com o aumento do isolamento e até mesmo a interrupção do tratamento, reduzindo a exposição à infecção”, concluíram os autores.
Referência: 1770P - Clinical and epidemiologic aspects of patients with cancer and COVID-19 in a Brazilian cancer center - Marcos Magalhaes Filho