Pacientes com câncer de ovário avançado recém-diagnosticadas estão em alto risco de recidiva. Dados de 5 anos de seguimento do ensaio SOLO1 reportados no ESMO 2020 mostram que a terapia de manutenção com olaparibe teve impacto significativo na sobrevida livre de progressão (56 meses versus 14 meses), com redução de 63% no risco de recorrência ou morte entre pacientes que alcançaram resposta completa no tratamento de primeira linha, com perfil de segurança que permaneceu favorável.
Dados já conhecidos mostraram que pacientes com câncer de ovário com variante patogênica em BRCA que responderam à quimioterapia de 1L baseada em platina tiveram benefício de sobrevida livre de progressão com olaparibe como terapia de manutenção (mediana de 41 meses [m]; mediana não alcançada vs 13,8 m; HR 0,30; P <0,001; Moore et al. NEJM 2018).
Nesta análise do ensaio SOLO1, apresentada no ESMO 2020, foram reportados os dados de 5 anos de acompanhamento. O estudo inscreveu pacientes com câncer de ovário e mutação BRCA que responderam à quimioterapia de 1L à base de platina para receber olaparibe de manutenção ou placebo por até 2 anos ou progressão da doença. Sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida livre de recorrência (SLR) foram avaliados pelo investigador por RECIST v1.1 modificado.
Para pacientes em resposta completa (CR) na linha de base, a SLR foi definida como o tempo desde a randomização até a recorrência da doença (novas lesões por imagem) ou morte.
Resultados
Os autores descrevem que 260 pacientes foram randomizados para olaparibe, 131 para placebo (duração mediana do tratamento de 24,6 versus 13,9 m, respectivamente). Após mediana de 4,8 e 5,0 anos de acompanhamento, a SLP mediana foi de 56 versus 14 meses, respectivamente, mostrando impacto significativo do tratamento de manutenção (Tabela). Entre pacientes que alcançaram resposta completa no início do estudo, o risco de recorrência da doença ou morte foi reduzido em 63%.
O perfil de segurança foi semelhante ao anteriormente reportado, não tendo sido diagnosticados casos adicionais de LMA ou síndrome mielodisplásica (1% das pacientes apresentaram este evento adverso no braço tratamento, efeito não visto no braço placebo).
Este estudo está registrado na ClinicalTrials: NCT01844986; GOG-3004.
Table: 811MO |
||||
PFS |
RFS* |
|||
Olaparib N=260 |
Pbo N=131 |
Olaparib N=189 |
Pbo N¼101 |
|
Events, n (%) |
118 (45) |
100 (76) |
79 (42) |
74 (73) |
Median, m |
56.0 |
13.8 |
NR |
15.3 |
HR (95% CI |
0.33 (0.25-0.43) |
0.37 (0.27-0.52 |
||
Pts progression or recurrence free at timepoint, ⴕ % |
||||
1 y |
87.7 |
51.4 |
91.0 |
58.0 |
2y |
73.6 |
34.6 |
77.2 |
39.0 |
3y |
60.1 |
26.9 |
64.0 |
28.9 |
4y |
52.3 |
21.5 |
55.2 |
23.0 |
5y |
48.3 |
20.5 |
51.9 |
21.8 |
*Pts had CR at baseline based on electronic case report form data. ⴕKaplaneMeier estimates. CI, confidence interval; HR, hazard ratio; NR, not reached
The safety profile of olaparib was consistent with previous observations. No new cases of myelodysplastic syndrome or acute myeloid leukaemia were reported and incidence of new primary malignancies remained balanced between arms (olaparib, 7/260 [3%]; pbo, 5/130 [4%]).
Referência: 811MO - Maintenance olaparib for patients (pts) with newly diagnosed, advanced ovarian cancer (OC) and a BRCA mutation (BRCAm): 5-year (y) follow-up (f/u) from SOLO1