Estudo caso-controle multicêntrico apresentado em mini sessão oral no ESMO 2020 discutiu o papel prognóstico de mutações germinativas BRCA2 (gBRCA2) no câncer de próstata. “Nossos resultados sugerem que a codeleção somática de BRCA2-RB1 e a amplificação MYC definem um subtipo agressivo”, concluem os autores.
Foram incluídos pacientes com mutação gBRCA2, pareados 1: 2 para controles sem mutação conhecida (NC), agrupados pelo escore de Gleason e estágio da doença ao diagnóstico (M0 vs M1). Análise estatística previu um mínimo de 60 casos e 120 controles para provar impacto na taxa de 5 anos de sobrevida por causa específica de 60% vs 85%. O principal endpoint foi confirmar o papel prognóstico de gBRCA2 no câncer de próstata. Endpoints secundários incluíram impacto clínico de eventos somáticos em BRCA2, RB1, MYC, PTEN e TMPRSS2-ERG por FISH.
Resultados
Um total de 73 pacientes com mutação de gBRCA2 e 127 controles foram elegíveis. Os portadores de gBRCA2 eram mais jovens ao diagnóstico (p¼0,02) e frequentemente com doença T3 / 4 (p <0,001), mas não foram reportadas outras diferenças significativas.
Os pacientes com câncer de próstata gBRCA2 mutados apresentaram mais alterações somáticas (p <0,001), incluindo perda de BRCA2, perda de RB1 e amplificação de MYC. BRCA2 foi frequentemente co-deletado com RB1 (correlação de Pearson 0,96; p = 0,001).
A conclusão dos autores indica que mutações gBRCA2 foram independentemente associadas com menor sobrevida por causa específica (HR 3,70; p = 0,008) em portadores de gBRCA2 que também apresentavam codeleção somática BRCA2-RB1 ou amplificação de MYC. Resultados semelhantes foram observados em pacientes sem mutação conhecida (Tabela). O modelo MVA confirmou o valor prognóstico independente de codel somático BRCA2-RB1 (HR 4.13; p¼0,004) e amplificação MYC (HR 2.27; p¼0,033) para CSS.
Este estudo (PROREPAIR-A), segundo os autores, representa a maior série de tumores de próstata gBRCA2 mutados a explorar a associação entre alterações somáticas e resultados clínicos no câncer de próstata. “Nossos resultados sugerem que o codel somático BRCA2-RB1 e a amplificação MYC definem um subtipo agressivo de câncer de próstata, com resultados clínicos ruins em gBRCA2 e NC”, concluem.
Median CSS (96%CI), yrs |
p-value |
|
gBRCA2 gBRCA2 + BRCA2-RB1 codeletion |
11.3 (7-2-15.4) 6.3 (2.1-10.6) |
0.041 |
gBRCA2 gBRCA2 + MYC amplification |
13.4 (10-16.8) 6 (4.1-7.9) |
<0.001 |
NC NC + BRCA2-RB1 codeletion |
17.6 (NR) 9.8 (5.9-13.8) |
<0.001 |
NC NC + MYC amplification |
17.6 (NR) 4.8 (0-10.8) |
<0.001 |
Referência: 612MO - Clinical impact of somatic alterations in prostate cancer patients with and without previously known germline BRCA1/2 mutations: Results from PROREPAIR-A study - R. Lozano Mejorada et al.