A oncologista Heloisa Resende (foto) é primeira autora de estudo apresentado no ASCO 2020 que buscou compreender os motivos que dificultam a mudança de prática dos oncologistas brasileiros em relação aos medicamentos biossimilares. “O Brasil e os países em desenvolvimento têm acesso limitado a medicamentos biológicos e terapias-alvo devido ao alto custo, e os biossimilares podem contribuir para melhorar o acesso dos pacientes a esses medicamentos com eficácia e segurança”, sustenta.
Os autores destacam que no Brasil o Sistema Único de Saúde (SUS) compreende 76% da população e apenas 24% no sistema privado. “Mesmo com a maioria da população do sistema público, poucos recursos têm sido alocados no SUS pelo governo em comparação com o sistema privado”, ressaltam.
O câncer de mama é a neoplasia maligna mais frequente em mulheres brasileiras, incluindo a superexpressão de HER2. Embora os benefícios do bloqueio HER2 na sobrevida global tenham sido demonstrados desde 2005, o bloqueio adjuvante e neoadjuvante do HER2 foi incluído nos protocolos do SUS apenas em 2013, e na doença metastática apenas em 2018. Em 2017, o Brasil aprovou o primeiro biossimilar em oncologia, o anticorpo monoclonal anti-HER2 trastuzumab-dkst.
O estudo
Os autores submeteram uma pesquisa online com 12 perguntas a 144 oncologistas brasileiros registrados na Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica em todo o Brasil. As perguntas buscavam verificar o conhecimento sobre biossimilares anti-HER2, processo de fabricação, custos, ensaios clínicos baseados em biossimilares, eficácia e segurança do medicamento.
Em média, os respondentes tinham 9 anos de experiência como oncologistas, com média mensal de atendimento de 15 pacientes com câncer de mama HER2+. No total, 95% dos oncologistas conhecem a definição de biossimilares e 96% assumem a prescrição de biossimilares. No entanto, 81% dos oncologistas prescreveriam biossimilares para todos os pacientes, 82% trocariam e 63% extrapolariam a indicação.
Os resultados demonstraram alto conhecimento da definição de biossimilar, porém indica alta porcentagem de barreiras de adesão. “A farmacovigilância, ensaios clínicos que apoiam a aprovação do medicamento biossimilar e a extrapolação de conceitos são os principais aspectos a serem abordados”, aponta o estudo.
“A oportunidade de acesso do paciente com biossimilares é real e é dever do oncologista participar de programas de educação médica. Este estudo destaca a necessidade de ampliar estratégias de educação médica para disseminar informação sobre os biossimilares e fornecer decisões mais informadas”, concluíram os autores.
O estudo foi financiado pela Libbs Farmacêutica.
Referência: Extrapolation of indications and drug interchangeability as barriers to use biosimilar trastuzumab-dkst in Brazil. - Heloisa Magda Resende, Paola Cardoso, Pedro Marassi, Maristela Seoanes Precivale, Alexandre Alcantara, Ana Carolina Cardoso, Lara Lopes Facó, Leandro Ladislau Alves, Vivienne Carduz Castilho; Hinja Hospital, Volta Redonda, RI, Brazil; UNIFOA, Volta Redonda, Brazil; Volta Redonda School of Medicine, Volta Redonda, Brazil; Libbs Farmacêutica, São Paulo, Brazil
First Author: Heloisa Magda Resende
Meeting: 2020 ASCO Virtual Scientific Program
Session Title: Publication Only: Breast Cancer—Metastatic
Track: Breast Cancer—Metastatic
Subtrack: HER2-Positive
Abstract #:e13010
Citation: J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr e13010)
DOI: 10.1200/JCO.2020.38.15_suppl.e13010