A cirurgia citorredutora secundária (SCR) resultou em um aumento significativo na sobrevida livre de progressão em pacientes selecionados com recorrência tardia de câncer de ovário. Os resultados são do estudo SOC1/SGOG-OV2 e foram selecionados para apresentação oral no ASCO 2020.
Na China, a cirurgia citorredutora secundária (SCR) tem sido padrão de atendimento em alguns centros de câncer com alto volume em câncer de ovário (CO). Embora o GOG213 não tenha mostrado benefício de sobrevida global, ainda está em aberto o debate sobre a estratégia para pacientes selecionados.
No estudo apresentado no ASCO 2020, pacientes com 1ª recidiva de câncer de ovário após 6 meses ou mais de intervalo livre de platina (PFI) eram elegíveis se fosse previsto um potencial R0 pelo escore iMODEL combinado com a imagem PET-CT. As pacientes foram randomizadas para cirurgia citorredutora seguida de quimioterapia (braço cirúrgico) vs quimioterapia de 2ª linha isolada (braço não cirúrgico). Os endpoints co-primários foram sobrevida livre de progressão e sobrevida global. A sobrevida livre de tratamento acumulada (TFSa), definida como o tempo de sobrevida global menos o tempo da cirurgia e quimioterapia após a randomização, foi um endpoint secundário. No ASCO, foram apresentadas a análise de sobrevida livre de progressão e a análise interina do TFSa.
Resultados
Entre 2012 e 2019, 357 pacientes foram randomizadas; 6,3% das 175 pacientes no braço não cirúrgico foram operadas, e a taxa de cross-over foi de 36,9% em pacientes na segunda ou mais recidivas do braço não cirúrgico. 97% e 96% das pacientes receberam terapia de segunda linha contendo platina. A taxa de ressecção completa (R0) foi de 76,7% no total e de 61,1% nas pacientes com iMODEL> 4,7. As taxas de mortalidade em 60 dias foram de 0% em ambos os braços, cirúrgico e não cirúrgico. A taxa de complicações no pós-operatório em 30 dias com ≥ grau 3 foi de 5,2%. Com seguimento médio de 36 meses, a mediana de sobrevida livre de progressão foi de 17,4 meses no braço cirúrgico e 11,9 meses no braço não cirúrgico (HR 0,58, 95% CI 0,45-0,74, p <0,001).
O tempo médio para o início da primeira terapia subsequente (TFST) foi de 18,1 meses no braço cirúrgico vs 13,6 meses no bração não-cirúrgico (HR 0,59, 95% CI 0,46-0,76). Entre as pacientes dos braços cirúrgico e não cirúrgico, 1,1% e 10,1% foram submetidas à manutenção com bevacizumabe e inibidores da PARP no tratamento de 2ª linha. A sobrevida global e a TFSa estavam imaturos. No entanto, a análise interina da TFSa mediana não foi alcançada no subgrupo R0 e foi de 39,5 meses no braço não cirúrgico (HR0,59, 95% CI 0,38-0,91). A TFSa no braço cirúrgico apresentou melhor sobrevida a longo prazo em comparação com o grupo sem cirurgia (tempo médio de sobrevida restrito de 60 a 72 meses: 6,2 vs 4,2 meses).
“A cirurgia citorredutora em pacientes selecionadas resultou em uma extensão dramaticamente significativa na sobrevida livre de progressão. A análise interina da TFSa indica que a abordagem pode contribuir para a sobrevida a longo prazo”, concluíram os autores.
Referência: A randomized phase III trial of secondary cytoreductive surgery in later recurrent ovarian cancer: SOC1/SGOG-OV2. - J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr 6001) - DOI: 10.1200/JCO.2020.38.15_suppl.6001
First Author: Rongyu Zang, MD, PhD
Meeting: 2020 ASCO Virtual Scientific Program
Session Type: Oral Abstract Session
Session Title: Gynecologic Cancer
Track: Gynecologic Cancer
Subtrack: Ovarian Cancer
Abstract #: 6001