A biópsia do linfonodo sentinela isolada é oncologicamente segura no câncer cervical em estágio inicial. Os dados foram apresentados na sessão oral de tumores ginecológicos do ASCO 2020.
O estudo avaliou a sobrevida livre de doença e a sobrevida doença-específica em pacientes com câncer cervical em estágio inicial submetidas à biópsia bilateral de linfonodo sentinela isolada (BSLN) versus linfadenectomia pélvica bilateral (BPL).
Os autores realizaram uma análise de dois estudos multicêntricos prospectivos sobre biópsia de linfonodo sentinela (SLN) para câncer do colo do útero (SENTICOL I e II). Foram incluídas pacientes com câncer cervical em estágio inicial (estágio FIGO IA a IIB), SLN negativo após ultraestadiamento e não-SLN negativo após exame patológico final. Os fatores de risco de recorrência e morte doença-específica foram determinados pelos modelos de risco proporcional de Cox. As curvas de sobrevida de Kaplan-Meier foram comparadas através da aplicação do teste log-rank.
Resultados
Entre janeiro de 2005 e julho de 2012, 259 pacientes atenderam aos critérios de inclusão. 85 pacientes foram submetidas apenas à biópsia bilateral do linfonodo sentinela, enquanto 174 pacientes foram submetidas à biopsia bilateral. Nenhuma paciente apresentou SLN positivo no ultraestadiamento ou não-SLN positivo no exame patológico final. Entre os dois grupos, não houve diferenças na histologia, estágio final da FIGO e tipo de abordagem cirúrgica. No grupo de linfadenectomia pélvica bilateral, as pacientes apresentaram mais frequentemente tumores maiores que 20 mm (22,9% vs 10,7%, p = 0,02) e radioquimioterapia pós-operatória (10,7% vs 1,6%, p = 0,01).
O seguimento médio foi de 47 meses (4-127). Durante o acompanhamento, 21 pacientes (8,1%) apresentaram recorrências, incluindo 4 recorrências nodais (1,9%), e 9 pacientes (3,5%) morreram de câncer do colo do útero. A sobrevida livre de doença em 5 anos e a sobrevida doença-específica foram semelhantes entre os grupos de biópsia bilateral de linfonodo sentinela e linfadenectomia pélvica bilateral (94,1% vs 97,7%, p = 0,14 e 88,2% vs 93,7%, p = 0,14, respectivamente). Após controlar o estágio final da FIGO e o status da margem, o BSLN comparado ao BPL não se associou à sobrevida livre de doença (HR = 1,76, 95% CI = [0,69 - 4,53], p = 0,24) e sobrevida doença-específica (HR = 2,5, 95% CI = [ 0,64 - 9,83], p = 0,19). Apenas o estágio final da FIGO foi preditor independente de sobrevida doença-específica.
Os autores concluíram que a biópsia do SLN isolada é oncologicamente segura no câncer cervical em estágio inicial. “A linfadenectomia total pode ser omitida em caso de SLN bilateral negativo”, ressaltam, acrescentando que o pior prognóstico foi associado à doença em estágio mais alto da FIGO.
Referência: Long-term oncological safety of sentinel lymph node biopsy in early-stage cervical câncer
First Author: Vincent Balaya, MD
Meeting: 2020 ASCO Virtual Scientific Program
Session Type: Oral Abstract Session
Session Title: Gynecologic Cancer
Track: Gynecologic Cancer
Subtrack: Cervical Cancer
Abstract #: 6006
Citation: J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr 6006)
DOI: 10.1200/JCO.2020.38.15_suppl.6006
