A primeira linha de tratamento para câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) avançado inclui o uso de inibidores de checkpoint imune anti PD-1 (ICI) em monoterapia ou em combinação com quimioterapia. Estudo selecionado no programa científico do ASCO 2020 comparou a sobrevida global (SG) de pacientes com CPCNP avançado que receberam o anti PD-L1 durvalumabe como primeira linha associado ao anti CTLA-4 tremelimumabe (DT), com ou sem quimioterapia baseada em doublet de platina (QT).
Neste estudo randomizado, internacional, aberto, foram inscritos 301 participantes do Canadá e Austrália com CPCNP estágio IV, sem alterações alvejáveis conhecidas (EGFR / ALK) e com bom performance status (ECOG PS 0/1) . Os pacientes foram randomizados para DT por 4 ciclos ou DT + QT (pemetrexede ou gemcitabina-platina), com manutenção contínua de D ou D + pemetrexede (em tumores do tipo não escamoso), até progressão da doença. Os fatores de estratificação incluíram histologia, estágio IVA versus IVB e status de tabagismo. O endpoint primário foi sobrevida global (SG); endpoints secundários incluíram sobrevida livre de progressão (SLP), taxa de resposta objetiva (ORR = CR + PR) e eventos adversos (EAs).
Resultados
Em um acompanhamento médio de 16,6 meses, não foi observada diferença significativa na SG entre os dois grupos, com SG média de 16,6 meses com DT + QT versus 14,1 meses com DT (HR= 0,88, IC 90% 0,67- 1,16). A SLP foi significativamente melhor no braço DT + QT (HR = 0,67, IC 95% 0,52-0,88; medianas 7,7 v. 3,2 meses), assim como a ORR , com 28% vs. 14%, (odds ratio 2.1, p = 0.001).
A análise de subgrupo pré-planejada não demonstrou diferenças significativas nos resultados do tratamento de acordo com o tumor board mutation (TMB <20 v. ≥20 mut / Mb, Guardant OMNI), idade, sexo ou tabagismo. “Houve tendência a ganho de SG com DT + QT no subgrupo com PD-L1 TPS≥50% (HR 0,64, IC 95% 0,40-1,04, p = 0,07). O TMB plasmático <20 mut / Mb foi associado a menor sobrevida nos dois grupos de tratamento (HR 1,99, 95% 1,3-3,1)”, descrevem os autores.
Em relação ao perfil de segurança, a toxicidade foi maior no braço DT + QT, com eventos adversos grau 3 em 82% vs. 70% (p = 0,02), mais comumente dispneia, náusea e tosse. A incidência de eventos adversos imunológicos foi semelhante entre os braços (colite 11%, pneumonite 6%, endocrinopatia 21%). Eventos de grau 5 ocorreram em 2,7% (5 com DT + QT, 3 com DT).
“A adição de DT a QT na primeira linha não melhorou a sobrevida global no CPCNP avançado. A adição de DT a QT melhorou a ORR e a SLP, e foi associado a maior toxicidade. Nenhum efeito diferencial foi observado pelo status de PD-L1 ou nem pelo TMB. “Esses dados sugerem que a adição de quimioterapia à ICI pode ser benéfica naqueles pacientes com PD-L1 TPS> = 50% e justifica análises adicionais em conjuntos de dados independentes.”, concluem os autores.
Informações sobre este ensaio clínico (ClinicalTrials.gov): NCT03057106.
Referências: CCTG BR.34: A randomized trial of durvalumab and tremelimumab +/- platinum-based chemotherapy in patients with metastatic (Stage IV) squamous or nonsquamous non-small cell lung cancer (NSCLC). - J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr 9502) - DOI: 10.1200/JCO.2020.38.15_suppl.9502
First Author: Natasha B. Leighl, MD, FASCO
Meeting: 2020 ASCO Virtual Scientific Program
Session Type: Oral Abstract Session
Session Title: Lung Cancer—Non-Small Cell Metastatic
Track: Lung Cancer—Non-Small Cell Metastatic
Subtrack: Metastatic Non-Small Cell Lung Cancer
Abstract # : 9502
Clinical Trial Registry Number: NCT03057106