A oncologista Edla Renata Cavalcante (foto) é a primeira autora de estudo que analisou retrospectivamente dados de 89 homens com câncer de mama atendidos no ICESP de 2008 a 2018, descrevendo epidemiologia e resultados clínicos (Abstract #:e13619).
O câncer de mama masculino é uma neoplasia rara, com risco de 1: 1.000 nos EUA. Dados do Registro do Câncer de São Paulo mostraram taxas de incidência de cerca de 1,21 por 100.000 no período de 2001 a 2005, mas não há dados de incidência nacional.
Neste estudo de coorte retrospectivo foram considerados pacientes do sexo masculino com câncer de mama histologicamente comprovado, que tiveram sua primeira consulta no ICESP entre 2008 e 2018. O endpoint primário foi sobrevida global (SG), de acordo com o status metastático; o endpoint secundário foi a sobrevida livre de recorrência (SLR). Os desfechos foram analisados pelo método de Kaplan – Meier; diferença calculada pelo teste log-rank; taxas de risco por modelos Cox univariados e valores P pelo teste de pontuação. A análise multivariada foi calculada através da regressão de COX.
Resultados
Foram considerados dados de 89 homens com câncer de mama, com idade média de 63,3 anos ao diagnóstico; 88,7% receptor positivo de estrogênio, 84,2% receptor positivo de progesterona). No cálculo do Índice de Comorbidade de Charlson (ICC), 23,5% apresentaram ICC ≥ 7 (sobrevida em 10 anos: 0%), sendo 17,9% no estágio IV.
A mastectomia foi realizada em 73% dos pacientes, 38,2% receberam quimioterapia adjuvante; 44,9% foram tratados com radioterapia adjuvante e 64% receberam terapia endócrina adjuvante (94,7% tamoxifeno). Para a doença metastática, a terapia endócrina foi a primeira opção de tratamento em 52% dos casos. A SG mediana foi de 75 meses (IC95%, 39,2-110,7) em pacientes M0 e de 39 meses (IC95%, 25,2-52,8) em M1 (p = 0,001). O ICC mostrou ser um fator de morte independente (HR 0,37, IC 95%, 0,17-0,8, p = 0,011). A SLR mediana foi de 97 meses [IC 95%, 47,3-146,7].
Quando o IMC foi avaliado para pacientes com obesidade (> 30), não houve diferença na recidiva da doença (p = 0,29).
“Nossos resultados são consistentes com dados já publicados na literatura, em relação à histologia, biomarcadores e estágio da doença ao diagnóstico. Um quarto dos nossos pacientes apresentou ICC alto, o que pode ter impactado a escolha das melhores opções de tratamento. As abordagens terapêuticas costumam ser semelhantes às da população feminina. No entanto, como a biologia da doença e a fisiologia hormonal são diferentes entre os sexos, faltam protocolos e ensaios específicos na população masculina”, concluiu o estudo brasileiro.
Referência: Male breast cancer: Epidemiological evaluation and clinical outcomes. - J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr e13619) - DOI: 10.1200/JCO.2020.38.15_suppl.e13619
First Author: Edla Renata Cavalcante
Meeting: 2020 ASCO Virtual Scientific Program
Session Title: Publication Only: Cancer Prevention, Risk Reduction, and Genetics
Track: Cancer Prevention, Risk Reduction, and Genetics
Subtrack: Epidemiology
Abstract #: e13619