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Recorrência bioquímica no câncer de próstata – evidências e desafios

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Jardim: “sobrevida livre de metástases é um desfecho importante e deve ser cada vez mais valorizado”

A expressão de PSMA no câncer de próstata não é exclusivamente ferramenta diagnóstica, mas é um alvo promissor para guiar o tratamento no cenário da doença metastática resistente à castração (mCRPC)1. “O pet PSMA pode alterar o manejo desses pacientes e definir quem é candidato à terapia sistêmica ou a tratamento de resgate”, explicou o oncologista Denis Jardim durante o SUMMIT URO-ONCO, encontro multidisciplinar de atualização científica realizado 28 de junho em São Paulo, que reuniu urologistas e oncologistas das principais instituições de assistência e pesquisa.

O oncologista fez questão de discriminar situações distintas no cenário da recorrência bioquímica do câncer de próstata. “Existem duas situações principais: a elevação do PSA pós-tratamento local, que pode significar uma doença possível de resgate com possibilidade de cura, e existe a recorrência bioquímica de paciente já castrado, que é o chamado estádio não metastático resistente à castração”, esclareceu.

Na prática médica, não é simples decidir quando iniciar o bloqueio androgênico para pacientes com recorrência bioquímica. “Ainda não temos um bom dado na literatura. Alguns estudos randomizados compararam o início precoce com o início tardio da terapia de privação androgênica na progressão assintomática e os dados não são consistentes”, explica Jardim. A recomendação é estratificar o tempo de duplicação do PSA. “Aqueles com doubling time menor que seis meses são os que têm maior chance de mortalidade e nesses casos é importante discutir o início do bloqueio androgênico”, analisa o oncologista.

Outra dúvida frequente é definir entre o bloqueio intermitente ou o bloqueio contínuo. Estudo do National Cancer Institute of Canada (NCIC) mostrou a não-inferioridade da estratégia intermitente, com resultados que mostram maior qualidade de vida, incluindo preservação da saúde óssea e cognição.

O maior alerta recai sobre um perfil de pacientes que recebe a classificação de m0 resistente à castração (M0 CRPC). “É o indivíduo que rapidamente apresenta nova elevação do PSA após terapia hormonal e ausência de metástases pelo estadiamento convencional”, prossegue o oncologista. “Estudos que avaliaram a adição de antiandrógenos ao tratamento desses pacientes mostraram uma correlação interessante entre sobrevida global e sobrevida livre de metástase. Isso mostra que atrasar o aparecimento de metástases nesse cenário se traduz em ganho de sobrevida”, destaca Jardim.

Evidências mais recentes dão amparo na hora de decidir quando utilizar o bloqueio androgênico sozinho ou combinado aos antiandrógenos de última geração. É o caso dos estudos SPARTAN2 (apalutamida), ARAMIS3 (darolutamida) e do ensaio PROSPER4, que avaliou enzalutamida em pacientes com CRPC M0.

O oncologista lembrou ainda que esse paciente com recorrência bioquímica, mesmo M0 CRPC, é um paciente assintomático e, portanto, qualquer tratamento tem que ser bastante tolerável. “Não se pode trazer mais prejuízo do que benefício e essa é uma regra de ouro”, sublinhou.

Referências

1 - J Clin Oncol 37, 2019 (suppl; abstr 5002)
2 - N Engl J Med 2018; 378:1408-1418 - DOI: 10.1056/NEJMoa1715546
3 - N Engl J Med 2019; 380:1235-1246 - DOI: 10.1056/NEJMoa1815671
4 - N Engl J Med 2018; 378:2465-2474 - DOI: 10.1056/NEJMoa1800536


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