Apontado como um dos grandes destaques da ESMO 2019, o estudo FLAURA apresentou dados de sobrevida global com osimertinibe, um inibidor de tirosina quinase do receptor de fator de crescimento epidérmico (TKI-EGFR) de terceira geração para pacientes com câncer de pulmão não pequenas células com mutação Ex19del / L858R EGFR. “Os resultados da sobrevida são estatisticamente e clinicamente significativos com osimertinibe em primeira linha para pacientes com EGFR mutado”, disse o autor do estudo, Suresh Ramalingam, (foto) do Instituto de Câncer Winship da Universidade Emory, Atlanta, EUA.
O estudo FLAURA comparou osimertinibe com os TKI-EGFR padrão em pacientes com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) avançado, com mutação no EGFR e sem tratamento prévio.
Neste estudo de Fase III, duplo-cego, foram inscritos 556 pacientes com CPNPC avançado com mutação EGFR (exclusão do exon 19 ou L858R) sem tratamento prévio, randomizados 1: 1 para receber osimertinibe (na dose de 80 mg uma vez/dia) ou TKI-EGFR padrão (gefitinibe na dose de 250 mg/dia ou erlotinibe na dose de 150 mg/dia).
O desfecho primário foi sobrevida livre de progressão avaliada pelo investigador, com dados já relatados. Agora, foram apresentados na ESMO 2019 os dados de sobrevida global com osimertinibe, que alcançou a mediana de 38,6 meses versus 31,8 meses com TKIs-EGFR de primeira geração, com taxa de risco de 0,799 (p = 0,0462). Mais da metade (54%) dos pacientes do grupo osimertinibe estavam vivos aos três anos versus 44% no grupo padrão.
"É a primeira vez que um TKI provou prolongar a sobrevida em relação a outro TKI na terapia do câncer de pulmão”, acrescentou Ramalingam. O especialista observou ainda que após a progressão da doença, 31% dos pacientes do grupo controle passaram para o braço de osimertinibe, representando 47% dos pacientes do grupo controle que receberam terapia pós-estudo. "Isso é consistente com o que seria esperado no mundo real, uma vez que apenas cerca de 50% dos pacientes desenvolvem a mutação T790M e serão candidatos a osimertinibe”, afirmou.
Com base nesses dados, osimertinibe deve ser a terapia de primeira linha para pacientes com câncer de pulmão com mutação no EGFR. Para Pilar Garrido, Hospital Universitário Ramón y Cajal, de Madri, que comentou os resultados do estudo, a magnitude do benefício de sobrevida global com osimertinibe também é relevante para o debate sobre a melhor sequência de tratamento, uma vez que osimertinibe é o único TKI aprovado para tratamento de segunda linha em pacientes que desenvolvem resistência devido ao T790M. “Se osimertinibe for usado como primeira linha, não há TKI disponível quando a doença progride. Os pacientes devem ser informados de que osimertinibe oferece ganho de sobrevida e é bem tolerado, mas quando o tratamento falha, a única opção é a quimioterapia”, acrescentou.
O estudo foi financiado pela AstraZeneca (ClinicalTrials.gov: NCT02296125).
Efficacy output |
Osimertinib n=279 |
Comparator EGFR-TKI n=277 |
OS hazard ratio (95.05% confidence interval) |
0.799 (0.641, 0.997); p=0.0462 |
|
Median OS, months |
38.6 (34.5, 41.8) |
31.8 (26.6, 36.0) |
Deaths, total pts (%) |
155 (56) |
166 (60) |
Median follow-up for OS in all pts, months |
35.8 |
27.0 |
Median follow-up for OS in censored pts, months |
43,1 |
43,1 |
12-month survival rate, % |
89 |
83 |
(95% confidence interval) |
(85, 92) |
(77, 87) |
24-month survival rate, % (95% confidence interval) |
74 (69, 79) |
59 (53, 65) |
36-month survival rate, % (95% confidence interval) |
54( (48, 60) |
44 (38,50) |
Referência: LBA5_PR - Osimertinib vs comparator EGFR-TKI as first-line treatment for EGFRm advanced NSCLC (FLAURA): Final overall survival analysis’ ; Annals of Oncology, Volume 30, Supplement 5, October 2019