A maioria dos pacientes com teratoma é manejado com cirurgia e não existe terapia médica padrão na doença progressiva e/ou irressecável. Os teratomas têm expressão funcional da proteína do retinoblastoma e a atividade clínica foi observada com a inibição da CDK4/6 (Vaughn DJ, et al. Cancer. 2015). Agora, estudo apresentado no ASCO GU 2019 por Daniel Castellano, médico do Hospital Universitário 12 de Outubro, em Madri, demonstrou que o inibidor de CDK4/6 ribociclibe prolongou a sobrevida livre de progressão em comparação com placebo no teratoma irressecável.
O estudo multicêntrico, duplo-cego, envolveu pacientes com idade ≥ 15 anos com teratoma progressivo, irressecável, ECOG PS 0-1 e ≥ 1 linha de quimioterapia anterior. Os pacientes foram randomizados (2:1) para receber ribociclibe (RIBO 600 mg/dia, a cada 3 semanas, com 1 semana de folga) ou placebo (PBO).
O crossover para ribociclibe foi permitido após a progressão da doença com placebo. O endpoint primário foi sobrevida livre de progressão (SLP). Os endpoints secundários incluíram medidas adicionais de eficácia, segurança e tolerabilidade.
Resultados
O estudo foi encerrado prematuramente diante de dificuldades de ampliar o recrutamento. Dez pacientes foram randomizados (8 RIBO, 2 PBO). A mediana de idade foi de 33 anos (variação de 21 a 53). Todos os pacientes receberam o tratamento do estudo, e os dois pacientes no braço placebo passaram para o braço ribociclibe na progressão da doença. A exposição mediana foi de 385 dias para RIBO e 166 dias para PBO. Após o crossover, os dois pacientes receberam RIBO, com melhor resposta de doença estável e duração de tratamento de 943 e 133 dias, respectivamente.
As taxas de sobrevida livre de progressão aos 24 meses foram 71% e 0% nos braços ribociclibe e placebo, respectivamente. Todos os 8 pacientes no braço RIBO tiveram doença estável como melhor resposta na primeira avaliação. A duração de tratamento foi de 78 dias no braço placebo e de 254 dias no braço de intervenção.
Em relação ao perfil de segurança, eventos adversos grau ≥ 3 no grupo ribociclibe incluíram neutropenia e dor torácica não cardíaca (2 pacientes), cefaleia, diminuição do apetite, astenia, fadiga, vômito e creatinina sérica aumentada (1 paciente cada); os pesquisadores acreditam que todos esses eventos sejam relacionados à droga, exceto a dor torácica não cardíaca,
“Neste cenário clínico raro, com uma pequena amostra limitada, ribociclibe prolongou a sobrevida livre de progressão em comparação com placebo, e não surgiram novos sinais de segurança”, concluíram os autores.
Informação do estudo clínico: NCT02300987
Referência: Abstract 517: A phase II study of ribociclib in men with unresectable, incurable teratoma with recent progression - Daniel Castellano et al