Karim Fizazi apresentou os resultados do estudo Fase III ARAMIS, que avaliou darolutamida no tratamento de pacientes com câncer de próstata não metastático resistente à castração (nmCPRC). O novo antagonista seletivo do receptor de androgênio alcançou o endpoint primário e prolongou significativamente a sobrevida livre de metástase na comparação com placebo. O estudo ARAMIS teve a participação de 21 centros brasileiros e entre os autores está o uro-oncologista Murilo Luz (foto), do Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba.
Neste estudo Fase III, duplo-cego, controlado por placebo, 1509 pacientes com câncer de próstata não metastático resistente à castração foram randomizados 2:1 para receber darolutamida (N= 955) na dose de 600 mg duas vezes ao dia, totalizando 1200 mg/dia, ou placebo (N= 554). O endpoint primário foi sobrevida livre de metástases (MFS, da sigla em inglês), definida como o tempo entre a randomização até o momento da primeira evidência de metástase ou morte. Endpoints secundários incluíram sobrevida global, tempo para o primeiro evento esquelético sintomático, tempo até a quimioterapia citotóxica, tempo para a progressão de dor, segurança e tolerabilidade.
Resultados
A sobrevida livre de metástases foi de 40,4 meses com darolutamida versus 18,4 meses com placebo (razão de risco [HR] 0,41; intervalo de confiança de 95% [IC] 0,34-0,50; p <0,0001). A sobrevida global também mostrou tendência a favor de darolutamida (HR 0,71, 95% CI 0,50–0,99, p = 0,045), assim como o tempo para a progressão da dor (HR 0,65; IC 95% 0,53-0,79; p <0,0001 ). Outros parâmetros secundários de eficácia também favoreceram o uso de darolutamida.
Em relação ao perfil de segurança, os eventos adversos mais frequentes relacionados ao tratamento ( ≥ 5% de frequência ou toxicidade grau 3-5) foram comparáveis entre os dois braços avaliados. Nenhuma reação ocorreu com frequência superior a 10%, exceto fadiga. As taxas de descontinuação devido a eventos adversos foram de 8,9% com darolutamida e 8,7% com placebo.
Em conclusão, entre os homens com nmCPRC, a MFS foi significativamente mais longa com darolutamida do que com placebo, com baixa incidência de eventos adversos relacionados ao tratamento.
O estudo tem patrocínio da Bayer, em colaboração com a Orion Corporation e a Orion Pharma.
Informações sobre o estudo clínico: NCT02200614
Referência: ARAMIS: Efficacy and safety of darolutamide in nonmetastatic castration-resistant prostate cancer (nmCRPC). - Karim Fizazi et al - J Clin Oncol 37, 2019 (suppl 7S; abstr 140)