No câncer de cabeça e pescoço, resultados do KEYNOTE-048 apoiaram a aprovação pelo FDA da imunoterapia no tratamento de primeira linha da doença recorrente/metastática. Regime TPEx também foi apresentado e pode ser considerado uma opção.
Principal destaque da sessão oral de câncer de cabeça e pescoço, a análise final do estudo de fase III KEYNOTE-048 (abstract 6000) demonstrou a eficácia e segurança da combinação de pembrolizumabe + platina +5-FU como tratamento de primeira linha em pacientes com carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço recorrente/metastático. Os resultados foram apresentados por Danny Rischin (foto), primeiro autor do estudo e chefe do Departamento de Oncologia Médica no Peter Maccallum Cancer Centre, Austrália.
“Esse é um estudo que muda o padrão de primeira linha em pacientes com câncer de cabeça e pescoço metastático ou localmente avançado não passíveis de tratamento curativo”, observa o oncologista Thiago Bueno, médico do A.C.Camargo Cancer Center e membro do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP). Bueno observa que em comparação com o regime EXTREME, a imunoterapia isolada trouxe menor taxa de resposta. “Pembrolizumabe em monoterapia não deve ser o padrão para todos os pacientes, mas sim uma opção em populações selecionadas, como CPS ≥20%, baixo volume de doença e/ou pacientes assintomáticco”, diz.
Outro estudo aguardado, o TPExtreme (abstract 6002) demonstrou que o regime baseado em taxano TPEx pode ser considerado uma alternativa na primeira linha de tratamento do carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço recorrente/metastático.
O estudo incluiu pacientes com carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço recorrente/metastático, não elegíveis para tratamento locorregional, randomizados (1:1) para o regime de referência EXTREME (6 ciclos de 5FU-cisplatina-cetuximabe a cada 3 semanas, seguido de manutenção semanal com cetux); e para o regime TPEx (4 ciclos de docetaxel-cisplatina-cetuximabe a cada três semanas, com suporte obrigatório de G-CSF, seguido de manutenção com cetux a cada duas semanas). O estudo confirmou a eficácia do regime TPEx.
“Apesar dos resultados positivos, o TPEx perdeu um pouco o timing, uma vez que agora discutimos um novo padrão de tratamento que substitui o EXTREME. Vale ressaltar o perfil de tolerância do TPEx, mais favorável, e que prova que um esquema sem infusão contínua, com apenas 4 ciclos ao invés de 6, é tão efetivo quanto o EXTREME, oferecendo menos toxicidade”, avalia Thiago.
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