Câncer de próstata metastático hormônio sensível foi tema de sessão plenária, em cenário marcado por avanços practice changing. No câncer urotelial, anticorpo conjugado apresentou dados encorajadores.
Selecionado para a Sessão Plenária, o estudo ENZAMET mostrou benefício de sobrevida em pacientes com câncer de próstata metastático hormônio sensível tratados com enzalutamida (Xtandi®). Em três anos, 80% estavam vivos versus 72% dos que receberam exclusivamente antiandrógenos não esteroidais (LBA 2). Os resultados foram publicados na New England Journal of Medicine (DOI: 10.1056/NEJMoa1903835) e têm impacto na prática clínica.
“Médicos e pacientes com câncer de próstata têm uma nova opção de tratamento com enzalutamida, agente que é especialmente relevante para os homens que não podem tolerar a quimioterapia e têm menor carga de doença", disse Christopher Sweeney (foto), oncologista do Dana-Farber Cancer Institute, principal pesquisador do ENZAMET.
Também no câncer de próstata metastático hormônio sensível, o estudo TITAN mostrou que a adição de apalutamida ao tratamento de deprivação androgênica melhorou a sobrevida livre de progressão radiográfica e sobrevida global, com redução de 33% no risco de morte (Abstract 5006).
No câncer urotelial, estudo Fase II com o anticorpo conjugado enfortumab-vedotin apresentou dados encorajadores, com taxa de resposta objetiva de 44% em uma primeira coorte de pacientes (LBA 4505). Enfortumab vedotin tem como alvo a Nectina-4, proteína encontrada em 97% dos tumores uroteliais, incluindo câncer de bexiga (90% dos casos), uretra, ureteres, pelve renal e órgãos adjacentes. "Estes resultados da Fase II replicam os achados da Fase I, o que não é frequente em ensaios clínicos", disse o investigador principal, Daniel P. Petrylak, do Yale Cancer Center.
No câncer renal, análise de subgrupo do estudo KEYNOTE-426 foi selecionada para sessão oral, avaliando a combinação de pembrolizumabe + axitinibe como terapia de primeira linha no carcinoma de células renais metastático (mRCC), em pacientes com risco intermediário/baixo e tumores com características sarcomatoides. Com maior tempo de seguimento, o tratamento de combinação teve impacto na sobrevida global aos 12 meses (83,4% vs 79,5%), na sobrevida livre de progressão (mediana não atingida vs 8,4 meses) e na taxa de resposta objetiva (58,8% vs 31,5%). As taxas de resposta completa foram de 11,8% vs 0%, em favor da combinação (Abstract 4500).
Outro destaque do panorama GU foi a apresentação de nova análise do CARMENA trial. O estudo voltou a discutir nefrectomia citorredutora (NC) up front no câncer renal metastático, agora com o objetivo de identificar quais pacientes ainda poderiam se beneficiar da NC seguida de tratamento sistêmico, especialmente no grupo de risco intermediário (critérios do International Metastatic Renal Cell Cancer Database Consortium – IMDC e do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center - MSKCC).
Após acompanhamento pela mediana de 61,5 meses, a sobrevida global pela análise ITT foi de 15,6 vs 19,8 meses, confirmando que NC não é superior a sunitinibe isoladamente em pacientes com risco MSKCC e IMDC. No entanto, os resultados sugerem que para pacientes com apenas um fator de risco IMDC, a nefrectomia citorredutora pode trazer benefícios (Abstract 4508).
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