Análise final do estudo de fase III KEYNOTE-048 apresentada na ASCO 2019 demonstrou a eficácia e segurança da combinação de pembrolizumabe + platina +5-FU como tratamento de primeira linha em pacientes com carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço recorrente/metastático. Os resultados foram apresentados por Danny Rischin (foto), primeiro autor do estudo e chefe do Departamento de Oncologia Médica no Peter Maccallum Cancer Centre, Austrália.
No estudo, 882 pacientes com carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço recorrente/metastático sem terapia sistêmica prévia nesse cenário que forneceram uma amostra de tumor para o teste PD-L1 foram randomizados para pembrolizumabe 200 mg Q3W por 24 meses (n=301), pembro por 24 meses + 6 ciclos de quimioterapia (cisplatina 100 mg/m2 ou carboplatina AUC 5 Q3W + 5-FU 1000 mg/m2/d durante 4 dias Q3W; n = 281), ou o regime EXTREME (E; cetuximabe 400 mg/m2 loading/250 mg/m2 QW + 6 ciclos de quimio; n=300).
A sobrevida global foi testada sequencialmente para pembrolizumabe + quimio vs EXTREME na população com escore combinado (CPS) de PD-L1 ≥20%, na população CPS ≥1, e para pembro vs EXTREME na população total (p unilateral = .0023, .0026, e 0,0059, respectivamente). O cutoff de dados foi 25 de fevereiro de 2019, aproximadamente 25 meses após o último paciente randomizado.
Resultados
Pembrolizumabe + quimioterapia melhorou significativamente a sobrevida global em comparação com EXTREME na população CPS ≥20 (HR 0,60, 95% IC 0,45-0,82, P = 0,0004; mediana 14,7 vs 11 meses) e CPS ≥1 (HR 0,65, 95% IC 0,53- 0,80, P <0,0001, mediana 13,6 vs 10,4 meses). Para a sobrevida livre de progressão, o hazard ratio (95% CI) foi de 0,76 (0,58-1,01) para CPS ≥20 e 0,84 (0,69-1,02) para a CPS ≥1.
A taxa de resposta global (ORR; P+C vs E) foi 42,9% vs 38,2% para CPS ≥20 e 36,4% vs 35,7% para CPS ≥1. A mediana de duração da resposta (DOR) foi de 7,1 vs 4,2 meses e 6,7 vs 4,3 meses, respectivamente.
Não houve melhora significativa na sobrevida global com pembrolizumabe em comparação com EXTREME na população total (HR 0,83, 95% IC 0,70-0,99, P = 0,0199; mediana 11,5 vs 10,7 meses). A taxa de resposta global de pembrolizumabe vs EXTREME foi de 16,9% vs 36%, com mediana de duração de resposta de 22,6 vs 4,5 meses. As taxas de eventos adversos graus 3-5 foram 54,7% para pembro, 85,1% para pembro + quimio e 83,3% para o regime EXTREME.
“Comparada com o EXTREME, a combinação de pembrolizumabe e quimioterapia apresentou sobrevida global superior em pacientes com PD-L1 CPS ≥20, CPS ≥1 e população geral; pembrolizumabe isolado demonstrou melhor sobrevida global em pacientes CPS ≥20 e ≥ 1, e sobrevida global não inferior na população geral, também com segurança favorável. Segundo os autores, estes resultados suportam pembrolizumabe isolado e pembrolizumabe + platina + 5-FU como novo padrão de cuidados em primeira linha no carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço recorrente/metastático”, concluíram os autores.
Informações do estudo ensaio clínico: NCT02358031
Referência: Abstract 6000: Protocol-specified final analysis of the phase 3 KEYNOTE-048 trial of pembrolizumab (pembro) as first-line therapy for recurrent/metastatic head and neck squamous cell carcinoma (R/M HNSCC). - Danny Rischin et al - J Clin Oncol 37, 2019 (suppl; abstr 6000)