O oncologista André P. Fay (foto), do Hospital São Lucas da PUCRS, é autor de estudo aceito para publicação eletrônica no ASCO 2019, que investigou a infecção por Zika vírus em linhagens celulares de glioblastoma humano.
O glioblastoma (GBM) é o tumor mais comum do sistema nervoso central (SNC) e apesar das terapias disponíveis ainda representa uma necessidade médica não atendida, à espera de estratégias de tratamento mais eficazes. É nesse contexto que a terapia viral oncolítica cresce em importância no ambiente de pesquisa, motivando também o interesse do oncologista brasileiro.
“A infecção por zika vírus (ZV) inibiu a proliferação de células neuronais precursoras do GBM em estudos pré-clínicos. Agora, este estudo tem o objetivo de avaliar os efeitos da infecção por ZV na sobrevivência de células de glioblastoma humano”, descreve Fay.
Neste estudo, duas linhagens celulares de GBM (U138 e U251) foram infectadas por 2 horas com ZV para posterior avaliação de diferentes parâmetros: viabilidade celular por MTT e ensaio ativo de protease, migração celular através de ensaio de cicatrização de feridas e infiltração celular usando o método de cultura de inserção. Também foram avaliadas a capacidade de adesão celular, apoptose (Caspase 3/7), níveis de interleucinas e marcadores de superfície celular para CD 14 e CD73.
“Nosso estudo demonstrou redução na viabilidade celular na linhagem U138 através do ensaio MTT. Na linhagem U251 e nos demais ensaios de citotoxicidade / viabilidade, o ZK não alterou a viabilidade celular, nem a migração celular em relação aos controles”, prossegue o autor.
As análises mostram que o ZV reduziu a invasão celular e resultou em aumento das taxas de apoptose em ambas as linhas celulares, além de aumentar as taxas de adesão celular e do marcador CD73. “Esses achados sugerem que a infecção por ZV pode estar associada ao aumento da expressão de CD 73, aumentando assim a adesão e a infiltração celular. O ZV pode causar aumento nas taxas de apoptose e influenciar a citotoxicidade e a viabilidade celular”, conclui o estudo.