Instituída com o objetivo de facilitar a navegação do paciente no sistema de regulação, a chamada Lei dos 60 ainda enfrenta barreiras. Estudo selecionado para publicação eletrônica no ASCO 2019 mostra os resultados de uma experiência com inteligência artificial que pretende garantir o acesso de pelo menos 70% dos pacientes com câncer de mama ao tratamento dentro do prazo de 60 dias, além de construir um modelo capaz de prever se o paciente cumpre ou não o período estabelecido na lei. A primeira autora é a mastologista Sandra Gioia, coordenadora do programa de navegação do paciente da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro.
De agosto de 2017 a maio de 2018, 105 pacientes de 33 a 80 anos (média de 59 anos) foram recrutados para navegação. Para o desenvolvimento da análise estatística, foram utilizados três modelos de machine learning (AdaBoost, Decision Tree e GaussianNB).
Os resultados mostram que a navegação de pacientes gerou uma experiência positiva no sistema público de saúde carioca. “O estudo não alcançou a taxa de sucesso de 70% de conformidade com a Lei, como pretendido (tendo atingido 52%). No entanto, as barreiras que o navegador de pacientes não consegue superar, como a falta de recursos humanos e suprimentos médicos, foram relatadas às autoridades de saúde e aos administradores do hospital”, descrevem os autores.
A partir dos dados coletados, foram identificados 38 atributos importantes para o cumprimento da Lei dos 60, o que pode representar uma oportunidade de implementar estratégias para aplicar adequadamente a legislação vigente e melhorar a experiência de navegação do paciente.
O estudo foi reconhecido como Projeto Inovador no Controle de Câncer de Mama no Brazilian Breast Cancer Symposium, que aconteceu entre os dias 16 e 18 de maio em Pirenopólis, Goiás.