Apresentado na ASCO GI 2018, o Keynote-224 é um estudo aberto, fase 2, que avaliou a eficácia e segurança do pembrolizumabe em pacientes com carcinoma hepatocelular (HCC) avançado previamente tratados com sorafenibe.
Os pacientes elegíveis tinham ≥18 anos, HCC confirmado, progressão radiográfica após sorafenibe e doença não passível de tratamento curativo, Child Pugh A, ECOG PS 0-1 e expectativa de vida prevista > 3 meses. Os pacientes receberam pembrolizumabe 200 mg Q3W por 2 anos ou até a progressão da doença, toxicidade inaceitável, retirada do consentimento ou decisão do investigador.
A resposta foi avaliada a cada 9 semanas (RECIST v1.1, revisão central). O endpoint primário foi taxa de resposta (ORR, RECIST v1.1, revisão central). Os endpoints secundários incluíram duração da resposta (DOR), taxa de controle da doença (DCR), sobrevida livre de progressão (SLP), sobrevida global (SG) e segurança e tolerabilidade. A data de cutoff de dados foi 24 de agosto de 2017.
Resultados
Entre 104 pacientes tratados, 23 continuaram o tratamento (mediana de acompanhamento 8,4 meses, variação 0,4-13,6). A mediana de idade dos pacientes foi de 68 anos (variação 43-87), 21,2% eram HBV+, 26% eram HCV+, 94,2% Child Pugh A, 79,8% tiveram progressão da doença com sorafenibe e 63,5% apresentavam doença extra-hepática.
A taxa de resposta global (ORR) foi de 16,3% (95% IC, 9,8 a 24,9) e similar em subgrupos com etiologia diferente. O tempo mediano de resposta foi de 2,1 meses (intervalo de 1,8-4,8) e 94% dos respondedores foram estimados com uma duração de resposta ≥ 6 meses. As melhores respostas foram resposta completa (CR) em 1 paciente (1,0%), resposta parcial (PR) em 16 (15,4%), doença estável (SD) em 47 (45,2%) e progressão da doença em 34 (32,7%); a taxa global de controle da doença (DCR) foi de 61,5%.
A mediana de SLP foi de 4,8 meses (95% IC, 3,4 a 6,6) e a mediana de sobrevida global (9,4 a NA) não foi alcançada. As taxas de SLP e SG em 6 meses foram 43,1% e 77,9%, respectivamente. Eventos adversos relacionados com o tratamento ocorreram em 73,1% dos pacientes; fadiga (21,2%) e aumento da aspartato aminotransferase (12,5%) foram observados em ≥ 10% de pacientes e eventos adversos de graus 3-5 em 25%, incluindo 1 morte (esofagite ulcerativa). Não ocorreram casos de reativação HBV/HCV; hepatite imunomediada ocorreu em 3 pacientes (2,9%).
Em conclusão, o tratamento com pembrolizumabe resultou em respostas duráveis e SLP e SG favoráveis em pacientes com HCC avançado previamente tratados com sorafenibe. A segurança foi comparável à estabelecida com pembrolizumabe em monoterapia.
“Os dados de pembrolizumabe reforçam o papel da imunoterapia em HCC, mas é necessário um seguimento mais prolongado para que desfechos de sobrevida sejam melhor avaliados”, afirma a oncologista Rachel Riechelmann, Diretora de Pesquisa do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG) e Diretora do Departamento de Oncologia do A.C. Camargo Cancer Center.
Informação do ensaio clínico: NCT02702414
Referência: Abstract 209: KEYNOTE-224: Pembrolizumab in patients with advanced hepatocellular carcinoma previously treated with sorafenib - Andrew X. Zhu et al - Citation: J Clin Oncol 36, 2018 (suppl 4S; abstr 209)