Carlos Barrios (foto), diretor do Latin American Cooperative Oncology Group (LACOG), participou da sessão educacional da ASCO dedicada a discutir diferentes perspectivas sobre o cenário global do câncer de mama (International Perspectives on Breast Cancer). Barrios esteve ao lado de Fátima Cardoso, Eduardo Cazap e Gabriel N. Hortobagy, expoentes da oncologia mundial, em uma apresentação que discutiu estratégias para avançar na pesquisa global em câncer de mama (How to improve Global Brest Cancer Research). O assunto também é tema de artigo publicado no Educational Book 20181.
Pesquisa global: o cenário do câncer de mama avançando
Carlos Barrios, Tomás Reinert e Gustavo Werutski
As projeções atuais indicam que o número de novos casos de câncer aumenta rapidamente e vai evoluir de 14 milhões em 2012 para 22 milhões em 2030, a maior parte em países de baixa renda1.
Há aproximadamente 1,67 milhão de novos casos de câncer a cada ano e, em termos de mortalidade, o câncer de mama perde apenas para o câncer de pulmão2
A Organização Mundial de Saúde (OM/S) definiu uma lista básica com medicamentos essenciais para cuidados oncológicos e estabeleceu diretrizes para diagnóstico e tratamento, estratificadas de acordo com a disponibilidade de recursos. No entanto, as profundas disparidades continuam a nos desafiar em busca de estratégias para superar as barreiras, principalmente no acesso a novas terapias.
A pesquisa global em câncer de mama deve levar em conta o caráter colaborativo das organizações e grupos de pesquisa estabelecidos na América do Norte e Europa, impulsionando o desenvolvimento de infraestrutura e recursos humanos nos países de baixa e média renda, para estimular pesquisadores a abordar questões regionais.
Entre os desafios que impactam o futuro da pesquisa global sobre câncer de mama está o de aumentar a disponibilidade de estudos clínicos em países de baixa e média renda, desenvolver estratégias para aumentar a participação de pacientes na pesquisa clínica e criar diretrizes claras para desenvolver pesquisas baseadas em evidências.
Nesse sentido, algumas questões centrais devem ser consideradas:
• A globalização da pesquisa clínica, apesar de desafiadora, deve ser vista como grande oportunidade para fomentar a pesquisa em países de baixa e média renda
• Características culturais, educacionais e socioeconômicas dos pacientes influenciam a participação na pesquisa clínica e devem ser abordadas como potenciais barreiras.
• É fundamental disseminar informações sobre estudos clínicos em andamento, para aumentar a participação ne pacientes, facilitar o recrutamento e acelerar a disponibilidade dos resultados da pesquisa.
• Embora particularmente desafiadora em países de baixa e média renda, pesquisas acadêmicas independentes precisam de atenção especial e fontes alternativas de financiamento.
• Mesmo diante de importantes questões globais, reconhecer diferenças substanciais no impacto da doença em diferentes regiões implica reconhecer que as prioridades de pesquisa precisam se concentrar em questões regionais e identificar localmente suas próprias necessidades.
Referências:
1. DOI: 10.1200/EDBK_209183 American Society of Clinical Oncology Educational Book 38 (May 23, 2018) 441-450.
2. American Cancer Society. The Cancer Atlas, 2nd Ed. Atlanta, GA: American Cancer Society; 2014. Google Scholar
3. Ferlay J, Soerjomataram I, Ervik M, et al. GLOBOCAN 2012: Estimated Cancer Incidence, Mortality and Prevalence Worldwide in 2012 v1.0. IARC CancerBase No. 11. Lyon: International Agency for Research on Cancer; 2012. Google Scholar