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AtualizadoQua, 15 Maio 2024 8pm

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ASCO 2018

Estudo EVITA mostra desafios na prevenção do câncer cervical no Brasil

logo EVA QuadradoSelecionado na ASCO 2018 para publicação eletrônica, o estudo EVITA é uma avaliação prospectiva da casuística de câncer de colo de útero em instituições brasileiras. O trabalho está sendo realizado pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA/GBTG) com apoio do LACOG, com o objetivo de delinear os perfis sócio-demográfico das pacientes, do rastreamento e do tratamento do câncer de colo de útero no país, além de levantar desfechos clínicos de sobrevida e qualidade de vida. A oncologista Angélica Nogueira-Rodrigues, presidente do EVA/GBTG, comenta o trabalho.

 

"Nesta primeira análise dos dados que será apresentada na ASCO, menor nível de escolaridade e renda foram associados a pior adesão aos testes de triagem e “falta de vontade” foi a razão expressa por 47% das pacientes com câncer para justificar a falta de adesão prévia a exames de rastreamento, enfatizando a importância do trabalho direcionado de conscientização para a reversão das altas taxas de incidência e mortalidade pela doença no país", afirma a oncologista Angélica Nogueira-Rodrigues, presidente do EVA/GBTG.

O EVITA se propôs a avaliar prospectivamente as taxas de rastreamento anteriores ao diagnóstico de câncer cervical em 16 instituições, representando as cinco regiões brasileiras. Como critérios de inclusão foram consideradas pacientes com idade ≥ 18 anos e câncer cervical (CC) estágio I a IV invasivo.

Os resultados refletem dados de 631 pacientes inscritas de janeiro de 2016 a novembro de 2017, com idade média de 49,3 anos ao diagnóstico. A distribuição por estadiamento I, II, III e IV foi de 12,8%, 35,2%, 37,9% e 10,1%, respectivamente. A maioria das pacientes tinha 8 anos de educação formal (49,8%), renda pessoal de 1 salário mínimo (88,7%), e foi tratada no sistema público de saúde (95,2%), sendo 52% fumantes. O carcinoma espinocelular foi a histologia mais frequente (73,9%).

A análise dos dados mostra que 87,5% das pacientes realizaram o teste papanicolaou pelo menos uma vez na vida, podendo ter sido o exame diagnóstico. Os motivos mais frequentes relatados pelas pacientes para não realizar o papanicolaou foram falta de vontade (46,9%), vergonha ou constrangimento (19,7%) e falta de conhecimento (19,7%). "A realização do exame foi mais de quatro vezes maior em pacientes com oito ou mais anos de estudo, comparado a pacientes sem escolaridade (16,9% x 3,8%, p<0,01) e cerca de duas vezes superior naquelas que exercem atividade remunerada e têm parceiros estáveis, comparadas com as desempregadas e sem parceiros estáveis, respectivamente (14% e 8,8%, p 0,03; 17,5 e 8,9% p0,02)", observa Angélica.

As conclusões do estudo mostram que a menor taxa de rastreamento do CC está associada a disparidades sociais, como menor renda e nível educacional, e não ter parceiro estável. “É importante ressaltar que a falta de vontade é um dos principais motivos relatados pelas pacientes para não realizar o papanicolau. Este dado reforça que campanhas de conscientização sobre a doença e orientação sobre prevenção devem ser uma prioridade governamental, especialmente centrada na população mais carente”, recomendam os autores.

O câncer de colo uterino (CC) é a quarta malignidade mais comum em mulheres no mundo e cerca de 85% dos casos são diagnosticados atualmente em países subdesenvolvidos. O rastreamento eficaz com exame de Papanicolaou e teste de HPV pode reduzir a incidência do câncer cervical em cerca de 90%.

Referência: J Clin Oncol 36, 2018 (suppl; abstr e17510) - Social disparities and patients’ attitudes are associated with lower rates of cervical cancer screening in Brazil: Results of EVITA study (LACOG 0215).

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