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AtualizadoQua, 15 Maio 2024 8pm

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Daichii Sankyo

 

ASCO 2018

Acupuntura e terapia comportamental cognitiva no tratamento da insônia em sobreviventes de câncer

ricardo caponeroUm ensaio clínico randomizado apoiado pelo Patient-Centered Outcomes Research Institute (PCORI) mostrou que o tratamento de oito semanas de acupuntura ou terapia cognitivo-comportamental para insônia (TCC-I) diminuiu a gravidade da insônia entre sobreviventes de câncer. “Custos elevados dos novos tratamentos e a fragmentação dos diagnósticos ao nível molecular reacenderam as buscas por métodos integrativos”, observa o oncologista Ricardo Caponero (foto), coordenador do Centro avançado de Terapia de Suporte e Medicina Integrativa do Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.O estudo será apresentado domingo, 03 de junho, no Congresso Anual da ASCO (ASCO 2018), em Chicago.

 “A medicina e a oncologia despertaram para as possibilidades do uso da medicina complementar, uma prática que sempre foi utilizada pelos pacientes, mas sem uma sistematização do seu uso. As técnicas cognitivo-comportamentais e a acupuntura estão dentre os métodos melhor estudados, mas a pluralidade de possibilidades é imensa, com muitas outras técnicas começando a se desenvolver, como a meditação, a aromaterapia, etc”, afirma Caponero. 

"Até 60% dos sobreviventes de câncer apresentam algum grau de insônia, muitas vezes subdiagnosticado e subtratado", disse o principal autor do estudo, Jun J. Mao, chefe do Serviço de Medicina Integrativa do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova York.

A terapia cognitivo-comportamental para insônia é uma forma de psicoterapia que tenta modificar emoções, comportamentos e pensamentos relacionados ao sono. Para encontrar uma terapia comparativa com a TCC-I, os pesquisadores consultaram pacientes e sobreviventes de câncer e descobriram que eles preferem uma abordagem natural e não medicinal para o tratamento da insônia. Com base neste feedback e em resultados de outros trabalhos, a acupuntura foi considerada uma comparação razoável.

O estudo

Os pesquisadores randomizaram aleatoriamente 160 sobreviventes de câncer com transtorno de insônia diagnosticado clinicamente para receber TCC-I ou acupuntura por oito semanas.

O tempo médio desde o diagnóstico foi de aproximadamente seis anos. Os sobreviventes receberam tratamento para câncer de mama, próstata, cabeça e pescoço, hematológico e colorretal. Além disso, 6% receberam tratamento para mais de um tipo de câncer.

A acupuntura envolvia estimular pontos corporais com agulhas. O TCC-I incluiu restrição do sono, controle do estímulo, reestruturação cognitiva, treinamento de relaxamento e educação.

O endpoint primário foi a avaliação em oito semanas, com uma avaliação de seguimento às 20 semanas. A redução na gravidade da insônia foi medida pelo Insomnia Severity Index (ISI), um questionário que avalia a gravidade de problemas como dificuldade em adormecer e permanecer dormindo, e o impacto da insônia no funcionamento diário e na qualidade de vida.

Resultados

A pontuação do ISI varia de 0-28, com escores 0-7 considerados como insônia clinicamente significativa, 8-14 insônia leve, 15-21 insônia moderada e 22-28 insônia grave. No início do estudo, 33 sobreviventes apresentavam insônia leve, 94 insônia moderada e 33 insônia grave.

A mediana de idade dos participantes foi de 61,5 anos, 57% (n = 91) eram mulheres e 29,4% (n = 47) eram não brancos.

No geral, o TCC-I foi o tratamento mais efetivo (2,6, 95% IC 1,1 - 4,1, P = 0,0007). Após oito semanas, os escores de gravidade da insônia caíram 10,9 pontos (18,5 para 7,5), para aqueles que receberam TCC-I (95% IC 9,8-12,0) vs. 8,3 pontos (17,55 a 9,23) para aqueles que receberam tratamentos de acupuntura (95% IC 7,3-9,4). Entre os pacientes com insônia leve no início do estudo, mais participantes tiveram uma melhora com TCC_I em comparação com a acupuntura (85% vs. 18%, p <0,0001).

Os participantes que iniciaram o estudo com insônia moderada a grave apresentaram taxas de resposta semelhantes com a terapia cognitiva versus acupuntura (75% vs. 66%, p = 0,26). Ambos os grupos tiveram poucos eventos adversos leves e mantiveram melhorias até 20 semanas. Ambos os grupos também tiveram melhora semelhante na qualidade de vida em saúde física (p = 0,46) e saúde mental (p = 0,44) durante o estudo.

“Nosso estudo mostrou que tanto o TCC-I quanto a acupuntura foram eficazes no tratamento da insônia moderada a grave, embora o TCC-I tenha demonstrado ser mais eficaz para pacientes com sintomas leves”, observou Mao. “Pacientes e oncologistas podem utilizar esses achados para informar a escolha do tratamento”, concluiu.

“O ponto crucial é qualificar a execução dessas práticas e usá-las, de fato, como uma forma integrativa de tratamento, e não como uma alternativa ao tratamento convencional”, ressalta Caponero.

O estudo recebeu financiamento do Patient-Centered Outcomes Research Institute (PCORI).

Referência:  Abstract 10001: The effect of acupuncture versus cognitive behavior therapy on insomnia in cancer survivors: A randomized clinical trial. Authors: Jun J. Mao et al

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