ESMO 2017 apresenta resultados do ICON 8
Os achados do ICON8 contrastam com os dados do estudo japonês JGOG 3016, que mostrou aumento significativo na sobrevida livre de progressão mediana (SLP) e sobrevida global (SG) nos pacientes tratados com dose densa semanal, regime que se mantém como standard na população asiática.
“Os resultados também vão na contramão do estudo GOG 262, que comparou o esquema de paclitaxel a cada 3 semanas com o esquema semanal em população ocidental revelou maior SLP com o esquema em dose densa nas pacientes que não receberam bevacizumabe”, afirma a oncologista Angélica Nogueira-Rodrigues.
"Os dados demonstram claramente que, embora bem tolerado, o uso semanal para atingir a intensidade da dose de paclitaxel como tratamento de primeira linha do câncer de ovário epitelial não aumentou a sobrevida em mulheres europeias", disse o pesquisador principal, Andrew Clamp, da Christie NHS Foundation Trust e da Universidade de Manchester, no Reino Unido. "Essa abordagem não pode ser recomendada como opção de tratamento padrão para essa população", acrescentou, lembrando que a dose densa semanal continua como opção de tratamento para mulheres japonesas.
O ICON8 randomizou 1566 pacientes predominantemente europeus para receber seis ciclos do regime de dose padrão de três semanas (carboplatina AUC 5/6-paclitaxel 175 mg/mq, braço 1), em comparação com dois regimes diferentes, que incluíram paclitaxel dose-densa semanal (carboplatina AUC 5/6 + paclitaxel 80 mg/mq semanalmente, braço 2 e carboplatina AUC2 + paclitaxel 80 mg/mq semanal, braço 3).
Resultados
Todos os pacientes foram inscritos no ICON8 após a cirurgia primária imediata ou quimioterapia neoadjuvante seguida de cirurgia. O estudo não encontrou benefício para nenhum dos regimes semanais. A SLP foi de 24,4 meses com a dosagem padrão, em comparação com 24,9 e 25,3 meses nos braços 2 e 3, respectivamente.
Em termos de toxicidade, houve discreto aumento da toxicidade de grau 3-4 nos braços 2 e 3 em comparação com o braço 1 (63% contra 53% contra 42%, respectivamente), predominantemente da toxicidade hematológica.
Ainda não está completamente esclarecida a diferença entre o ICON8 e o JGOG3016 e por que mostraram resultados contrastantes. "Ambos foram ensaios bem conduzidos e alcançaram o objetivo de aumentar a intensidade da dose de paclitaxel. Sabemos que o perfil histológico do câncer de ovário é ligeiramente diferente entre as mulheres japonesas e caucasianas, mas acho improvável que isso explique a diferença. É mais provável que existam diferenças farmacogenômicas entre esses dois grupos étnicos ", observou Clamp.
O estudo foi financiado pela Cancer Research UK e os dados foram apresentados na ESMO dia 8 de setembro, no Cordoba Auditorium, na sessão de câncer ginecológico (Abstract 929O_PR).
Referências:
1. Abstract 929O_PR ‘ICON8: A GCIG Phase III randomised trial evaluating weekly dose- dense chemotherapy integration in first-line Epithelial Ovarian/ Fallopian Tube/ Primary Peritoneal Carcinoma (EOC) treatment: Results of Primary Progression- Free Survival (PFS) analysis’