Na atenção primária e secundária, a grande maioria dos testes de marcadores tumorais são desnecessários. A conclusão é de um estudo que será apresentado no domingo, 10 de setembro, no Congresso ESMO 2017, em Madri. O estudo examinou o número de múltiplas solicitações de marcadores tumorais da atenção primária e secundária entre junho e dezembro de 2015 no Abertawe Bro Morgannwg University Health Board, no País de Gales. Foram 1,747 pedidos de múltiplos marcadores tumorais vindos da atenção primária e secundária. Destes, 297 pacientes (17%) tiveram um diagnóstico de câncer, mas o marcador tumoral contribuiu para o diagnóstico em apenas 35 pacientes (2%).
Os marcadores tumorais são moléculas que podem estar presentes em concentrações superiores ao habitual no tecido, soro ou outros fluidos corporais de pacientes com câncer. Aproximadamente 15 milhões são solicitados a cada ano no Reino Unido para auxiliar o diagnóstico, orientar a escolha do tratamento, acompanhar o progresso durante e após o tratamento e orientar o prognóstico.
O estudo examinou o número de múltiplas solicitações de marcadores tumorais da atenção primária e secundária entre junho e dezembro de 2015 no Abertawe Bro Morgannwg University Health Board, no País de Gales. Múltiplos pedidos foram definidos como mais de um marcador tumoral para um paciente em um período de duas semanas. Não foram incluídos pedidos de Oncologia ou Urologia, o que facilitou a informação sobre a localização e detalhes clínicos do pedido. Os pesquisadores então analisaram quantos pacientes com múltiplos marcadores tumorais medidos foram posteriormente diagnosticados com câncer, e se os marcadores ajudaram no diagnóstico.
Resultados
Foram 1,747 pedidos de múltiplos marcadores tumorais vindos da atenção primária e secundária. Destes, 297 pacientes (17%) tiveram um diagnóstico de câncer, mas o marcador tumoral contribuiu para o diagnóstico em apenas 35 pacientes (2%).
Dos 985 pedidos de múltiplos marcadores de tumor na atenção primária, o câncer foi posteriormente diagnosticado em 50 pacientes (5%), sendo o marcador tumoral útil em 5 pacientes (0,5%). Dos 762 pedidos originados na atenção secundária, o câncer foi posteriormente diagnosticado em 244 pacientes (32%) e o marcador tumoral contribuiu para o diagnóstico em 30 pacientes (4%). Quando extrapolados para um período de 12 meses, os testes desnecessários custaram cerca de 100 mil libras.
"A maioria dos pedidos de múltiplos marcadores tumorais não levou a um diagnóstico de câncer. E quando os pacientes encontraram câncer, na maioria dos casos os marcadores tumorais não contribuíram para o diagnóstico", afirmou o autor principal do estudo, Craig Barrington, do South West Wales Cancer Center, no Reino Unido.
"O uso inadequado de marcadores tumorais para o diagnóstico pode causar ansiedade, levar a testes desnecessários, atrasar o diagnóstico correto e ter uma implicação econômica para o serviço de saúde", acrescentou. Para fins de diagnóstico, o NICE recomenda o teste de marcador tumoral em apenas quatro situações, e em nenhuma delas é utilizado múltiplos pedidos.
Os autores defendem que a educação é necessária para ajudar os clínicos a entender quando é clinicamente apropriado solicitar um teste de marcador tumoral, quando podem ser úteis no diagnóstico em pacientes suspeitos de câncer.
“Como resultado dessas descobertas, fornecemos educação através de boletins, apresentações e comentários laboratoriais para incentivar o pedido de um marcador de tumor mais apropriado, de acordo com as diretrizes do NICE.
Referência:
1 - Abstract 1410P_PR 'The role of tumour marker testing in earlier diagnosis of cancer' will be presented by Dr Craig Barrington during on Sunday, 10 September 2017