A partir de uma pesquisa proposta pelo INCA em 2005, um amplo consórcio de instituições e pesquisadores decidiu unificar processos em uma grande rede, que hoje se constitui na Rede Brasileira de Câncer Hereditário (REBRACH). A oncogeneticista Patrícia Ashton-Prolla (foto), atual coordenadora da Rede, apresentou os objetivos do Consórcio durante o IX Congresso Franco-Brasileiro de Oncologia, realizado no Rio de Janeiro.
“É preciso estimular o conhecimento da sociedade sobre a importância e as indicações de avaliação de risco genético em câncer, assim como é preciso promover a capacitação de profissionais da saúde em vários níveis para a adequada avaliação do risco genético’, disse Patrícia, em sessão coordenada pelo oncogeneticista José Claudio Casalli.
Há razões de sobra para identificar indivíduos e famílias em risco. “São pessoas que têm um risco significativamente maior para diferentes tipos de câncer, múltiplos tumores em idade precoce, e identificar esse risco tem repercussões não somente para o paciente, mas para toda a família”, esclarece. “Hoje, temos estratégias eficazes de redução de risco, o que reforça a importância e o papel de identificar a predisposição hereditária ao câncer”, reforça.
Acesso
A proposta da REBRACH nasceu a partir de dois grandes braços - de um lado, a aplicação diagnóstica da oncogenética; de outro, a preocupação em identificar e mapear o câncer hereditário. No entanto, além de difundir a importância da oncogenética, a REBRACH também alerta para o desafio do acesso aos testes e painéis mutacionais.
“Precisamos concentrar esforços para melhorar as estratégias de identificar e intervir em populações de alto risco para diminuir a ocorrência de tumores hereditários”, defende Patrícia.
Atualizado a cada 2 anos, o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da Agência Nacional de Saúde (ANS) define regras que afetam diretamente os planos privados de assistência médica. Alguns testes de oncogenética, que avaliam mutações gênicas associadas à predisposição hereditária do câncer, já estão listados no Rol e, portanto, disponíveis para a população atendida pela saúde suplementar. É o caso da cobertura obrigatória para as mutações nos genes BRCA1/BRCA2 para detecção de câncer de mama e ovário hereditários, assim como exames para a detecção da síndrome de Lynch (câncer colorretal não poliposo hereditário).
A REBRACH destaca a importância de ampliar os testes para diagnóstico molecular e aconselhamento genético no câncer, e alerta que em breve a ANS deve submeter à consulta pública a proposta de incorporação de novas análises e paineis genéticos no Rol de Procedimentos a ser publicado em 2018.
Recomendações
A REBRACH está também atualizando um guia para o diagnóstico e manejo de síndromes de câncer hereditário, que deve ser publicado no início de 2017 no site do INCA, com acesso livre. Além disso, o consórcio mantém o Programa de assessoramento gratuito em oncogenética para profissionais de saúde, resultado da parceria da REBRACH com o INCA e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre. “Temos um e-mail de contato à disposição de profissionais de saúde e as dúvidas enviadas são respondidas por especialistas em oncogenética”.
Os interessados podem entrar em contato através do e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..