04122024Qua
AtualizadoQua, 15 Maio 2024 8pm

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Propulmão: resultados do programa de rastreamento em São Paulo

Ricardo_Sales_NET_OK.jpgRicardo Sales dos Santos (foto), principal investigador do estudo ProPulmão, foi um dos destaques da agenda do IX Congresso Franco-Brasileiro de Oncologia, com os resultados do programa piloto de rastreamento em São Paulo. Em artigo exclusivo, conheça os principais achados do estudo.

{jathumbnail off} O ProPulmão é o primeiro programa estruturado de rastreamento do câncer de pulmão (CP) no Brasil a partir da tomografia computadorizada do tórax de baixa dosagem (TCBD). A construção de um programa desse tipo, especialmente em área com alto índice de doença granulomatosa, traz o risco adicional de encontrar número elevado de achados falso-positivos (nódulos acima de 4 a 6 mm) e provocar danos à população com a realização de biópsias pulmonares em doença benigna. Portanto, um protocolo restrito de conduta é fundamental para evitar tais riscos e proporcionar bons resultados aos participantes.

No ProPulmão, foram incluídos 790 indivíduos assintomáticos, com história de tabagismo atual ou pregresso (há no máximo 15 anos) e carga tabagística mínima de 30 maços por ano. Na TCBD inicial, mais de 4.000 nódulos foram encontrados nesses participantes. No entanto, a maioria desses nódulos não precisou de exames complementares, porque o tamanho abaixo de 4mm foi considerado negativo, indicando apenas seguimento anual.
 
No início do estudo foram considerados positivos os exames que apresentavam nódulos de 4mm ou mais, e isso correspondeu a taxa de positividade de 39,5% (312/790). Em análise com nódulos de 6 mm ou mais realizada “a posteriori”, foram encontrados 145 indivíduos com exames “suspeitos”:  taxa de positividade de 18,4% (145/790) (Figura 1).

Figura 1: Distribuição dos nódulos segundo o tamanho

 
ProPulm__o_1.jpg

Com base na aparência radiológica dos nódulos (tamanho, morfologia e localização), o seguimento radiológico em 3 ou 6 meses foi indicado para aproximadamente 90% dos casos. Para os demais, foi necessária investigação com PET-CT e/ ou biópsia pulmonar.

No total, 37 procedimentos minimamente invasivos foram realizados em 26 participantes. A prevalência de câncer de pulmão de células não pequenas (CPNPC) foi de 1,4% da população total do estudo (11/790) e 3,5% da população com estudo positivo (Tabela 1).

 
Tabela 1- Resultados das biópsias.

Câncer de pulmão 11
Estádio IA or IB 9
Estádio IIIA (IA pós QTxneo) 1
Estádio IV 1
Achados benignos 15
Doenças granulomatosas 10
Schwannoma 2
Pneumonia de organização 1
Histoplasma 1
Hamartoma 1
 

Nos pacientes com doença em estágios IA ou IB, o tratamento foi apenas cirúrgico com lobectomia video-assistida. O paciente com doença em estágio IIIA foi submetido à quimioterapia neoadjuvante seguida de procedimento cirúrgico para bilobectomia.

O diagnóstico morfológico mostrou oito casos de adenocarcinoma invasivo, dois de carcinoma espinocelular e um tumor carcinóide. Não foram observados casos de carcinoma de pulmão de pequenas células ou de adenocarcinoma "puro lepídico". Todos os casos foram encontrados em nódulos acima de 6mm.
 
De forma sumária, podemos afirmar que o ProPulmão vem contribuindo com a validação do método TCBD no rastreamento do CP no Brasil, pois, apesar de encontrarmos um número maior de nódulos, obtivemos a mesma prevalência de câncer em comparação aos estudos Europeus e da América no Norte, sem haver ocorrência maior de biópsias ou complicações resultantes das mesmas.
 
Autores: Juliana P. Franceschini é fisioterapeuta, doutora em ciências, coordenadora de pesquisa do Instituto Tórax (iTórax) e Programa ProPulmão e professora do Centro Universitário São Camilo;
 
Ricardo Sales dos Santos é cirurgião torácico do Hospital Israelita Albert Einstein, ex-Fellow instrutor das Universidades de Pittsburgh e Boston-EUA, diretor geral do Instituto Tórax (iTórax) e investigador principal do Programa ProPulmão.
 
Referências

1.    Henschke CI. International Early Lung Cancer Action Program: Enrollment and Screening Protocol. IELCAP [Internet]. New York; 2011. [citado 2012 jan.14 ]. Disponível em: http://www.ielcap.org/sites/default/files/ielcap.pdf
 
2.    National Lung Screening Trial Research Team, Aberle DR, Adams AM, Berg CD, Black WC, Clapp JD, et al. Reduced lung-cancer mortality with low-dose computed tomographic screening. N Engl J Med. 2011; 365(5):395–409.
 
3.    National Comphrehensive Cancer Network. NCCN Guidelines Version I.2015. Lung Cancer Screening. National Comphrehensive Cancer Network [Internet]. Fort Washington; 2015. [citado 2015 jan. 25]. Disponível em: https://www.nccn.org/professionals/physician_gls/f_guidelines_nojava.asp#detection
 
4.    Santos RS, Franceschini J, Kay FU, Chate RC, Costa Júnior Ada S, de Oliveira FN, et al. Low-dose CT screening for lung cancer in Brazil: a study protocol. J Bras Pneumol. 2014; 40(2):196-9.
 
5.    Santos RS, Franceschini JP, Chate RC, Ghefter MC, Kay F, Trajano AL, Pereira JR, Succi JE, Fernando HC, Júnior RS. Do Current Lung Cancer Screening Guidelines Apply for Populations With High Prevalence of Granulomatous Disease? Results from the First Brazilian Lung Cancer Screening Trial (BRELT1). Ann Thorac Surg. 2016;101(2):481-
 
6.    Santos RS, Franceschini JP, Rasslans Z. Lung Cancer Prevention in Latin America in the Era of CT Screening. Lung Dis Treat 2:e014
.
 
 

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