04122024Qua
AtualizadoQua, 15 Maio 2024 8pm

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Daichii Sankyo

 

Progressos no tratamento do câncer de cérvix metastático ou recorrente

Graziela_SFBO_bx.jpgConfira a síntese da apresentação da oncologista Graziela Dal Molin (foto) no IX Congresso Franco-Brasileiro de Oncologia. Graziela é membro do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA/GBTG) e médica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes, da Beneficência Portuguesa de São Paulo. 

 

Um dos pontos de maior expectativa no tratamento da doença metastática é a imunoterapia, assim como tem ocorrido em diversos outros tumores. Recentemente, no congresso da ASCO deste ano, foi apresentado o KEYNOTE-028, estudo de fase Ib com pembrolizumabe no câncer cervical recorrente ou metastático. Foram incluídos 24 pacientes, todos PDL-1 positivos, para o uso de pembrolizumabe na dose de 10mg/kg a cada 2 semanas. Os resultados foram muito promissores. A droga mostrou uma redução tumoral de 38% nas lesões alvo e uma duração de resposta prolongada, de 26 semanas, sendo que houve pacientes com duração de resposta maior que um ano. A sobrevida das pacientes também foi importante, com dados de sobrevida global mediana de 9 meses. Esses dados levaram à realização do KEYNOTE-158, estudo de fase 2 que já está em andamento.
 
Outro ponto de interesse no tratamento do câncer cervical metastático são as vacinas. Linfócitos intratumorais (TILs) têm sido estudados em diversos tumores, como mama e melanoma. Dado o câncer cervical estar relacionado predominantemente ao HPV, o potencial imunogênico foi avaliado pela criação de TILs a partir de oncoproteínas do HPV. Estudo apresentado na ASCO 2015 realizou a administração de TILs autólogo ressecados com o intuito de avaliar se haveria respostas objetivas e duradouras. Esse estudo incluiu nove pacientes, sendo visto resposta objetiva tumoral em três, dois deles com resposta completa. O que chama a atenção neste resultado é o fato de as respostas terem sido duradouras. Os dois pacientes tiveram resposta por 15 e 22 meses, respectivamente.
 
Também é relevante apontar o conhecimento de mutações somáticas encontradas no câncer cervical. Em algumas publicações sabe-se que o número de mutações encontradas parece ser maior no carcinoma escamoso em comparação com o adenocarcinoma. As principais mutações encontradas no carcinoma escamoso são das vias do PIK3CA e do MAPK1. Já no adenocarcinoma são vistos mais frequentemente mutações nos genes ELF3e CBFB. Esse novo conhecimento pode levar à realização de diferentes estudos com o intuito de compreender se o bloqueio de novas vias pode combater essa doença que ainda é órfã de tratamentos efetivos no cenário da doença metastática.
 
Autora: Graziela Dal Molin (foto) é oncologista do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes (COAEM), da Beneficência Portuguesa de São Paulo, e membro do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA/GBTG).

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