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Terapia androgênica bipolar no câncer de próstata hormônio sensível

BALAN__O_PR__STATA_PG4TO6_ON4_NET_OK_ASCO_GU.jpgUm dos destaques apresentados no 2016 Genitourinay Cancer Symposium (ASCO GU), realizado em São Francisco entre os dias 7 a 9 de Janeiro, foi o estudo que avaliou os resultados da terapia androgênica bipolar (TAB) em 33 homens com câncer de próstata sensíveis à castração. O urologista Lucas Nogueira (foto), diretor da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), comentou os resultados para o Onconews.

A terapia de supressão hormonal (ADT) representa há vários anos o tratamento padrão no tratamento do câncer de próstata (CaP) avançado. Entretanto, após exposição crônica ao ambiente de baixos níveis androgênicos, as células tumorais apresentam respostas adaptivas através de upregulation do receptor androgênio por super-expressão, ampliação, mutação ou mesmo expressão de variantes não dependentes do ligante, o que leva à progressão da doença. Paradoxalmente, estudos de laboratório publicados em um passado recente demonstraram que doses supra-fisiológicas de testosterona podem levar a morte de células tumorais resistentes à castração1.
 
Neste contexto surgiu o conceito da terapia androgênica bipolar (TAB), que consiste na administração de doses supra-fisiológicas de testosterona em associação à ADT no tratamento do CaP avançado. Estudo recentemente publicado mostrou promissoras respostas bioquímicas e radiológicas em um pequeno grupo de homens com CaP resistente a castração que recebeu 3 ciclos de TAB em associação à ADT2.
 
Estudo apresentado no ASCO GU 2016 avaliou os resultados da TAB em 33 homens com CaP sensíveis à castração. Foram selecionados pacientes assintomáticos, com doença de baixo volume (n=20, ausência de doença visceral, ≤ 10 metástases ósseas, sem linfonodos > 5 cm de diâmetro) ou com recorrência bioquímica não metastática (n=13). Após ADT por 6 meses, aqueles com PSA <4 ng/ml receberam 2 ciclos de BAT (400 mg de cipionato ou anantato de testosterona intramuscular, D1/29/57). A ADT era mantida para permitir rápido retorno aos níveis de castração. Foi avaliado como endpoint primário a percentagem de doentes com um PSA <4 ng / ml após 2 ciclos de BAT. Aspectos de qualidade de vida (SF-36, FACT-P, IIEF e IPSS) foram os endpoints secundários.
 
Após 6 meses de ADT, 29 (88%) dos homens receberam os 2 ciclos de BAT. O endpoint primário foi alcançado, com 17 (59%) do grupo apresentando níveis de PSA < 4ng/ml no fim do estudo. Houve diminuição dos níveis de PSA em todos os pacientes, sendo que 3 (10%) apresentaram níveis indetectáveis. Daqueles que tinham doença mensurável pelo RECIST, 80% apresentaram resposta (40% completa, 40% parcial). Houve progressão radiológica em 3 (10%) pacientes. Houve melhora  na QV após o primeiro ciclo de BAT em todos os questionários utilizados, com a exceção do IPSS3.
 
Este estudo apresenta dados muito provocativos, que podem representar uma mudança de paradigma na forma de tratamento do CaP. A BAT pode representar melhora importante na qualidade de vida dos pacientes, mantendo os resultados oncológicos. Apesar de precoces e baseados em uma pequena população, estes dados podem servir de base para estudos clínicos prospectivos, que podem demonstrar não somente esta relação, mas também aspectos importantes como fatores preditivos, dosagem e os sub-grupos de pacientes que terão maior benefício.
 
Referências:
 
1.         Isaacs JT, D'Antonio JM, Chen S, Antony L, Dalrymple SP, Ndikuyeze GH, et al. Adaptive auto-regulation of androgen receptor provides a paradigm shifting rationale for bipolar androgen therapy (BAT) for castrate resistant human prostate cancer. Prostate. 2012;72(14):1491-505.
 
2.         Schweizer MT, Antonarakis ES, Wang H, Ajiboye AS, Spitz A, Cao H, et al. Effect of bipolar androgen therapy for asymptomatic men with castration-resistant prostate cancer: results from a pilot clinical study. Sci Transl Med. 2015;7(269):269ra2.
 
3.         Michael Thomas Schweizer HW, Brandon Luber, Rosa Maria Nadal, Avery N. Spitz, David Marc Rosen, Haiyi Cao, Emmanuel S. Antonarakis, Mario A. Eisenberger, Michael Anthony Carducci, Channing Judith Paller, Samuel R. Denmeade. Bipolar androgen therapy (BAT) in men with hormone sensitive (HS) prostate cancer (PC).
 2016 [cited 2016]


 
 

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