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AtualizadoQua, 15 Maio 2024 8pm

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Câncer de próstata na ASCO 2016

Igor_Morbeck_NET_OK.jpgO oncologista Igor Morbeck (foto), do Grupo Brasileiro de Tumores Urológicos (GBTU), comenta os estudos que foram destaque na sessão de câncer de próstata da ASCO 2016. Entre os highlights, novas evidências que confirmam a não-inferioridade da radioterapia hipofracionada, dados do aguardado estudo FIRSTANA e as análises de qualidade de vida do CHAARTED.

1- O PROMIS avaliou a acurácia da Ressonância Nuclear Magnética (RNM) multiparamétrica em comparação ao ultrassom (US) transretal em homens com elevação do PSA. Como esperado, o uso da RNM multiparamétrica tem maior sensibilidade e especificidade em relação ao US para detectar ou não a presença de tumores prostáticos. Além disso, a RNM multiparamétrica correlacionou-se com menor número de biópsias necessárias para diagnosticar tumores que justifiquem algum tratamento.
 
2- Um estudo escandinavo de Fase III randomizou pacientes com câncer de próstata, mas com características de alto risco tratados com prostatectomia radical para receber docetaxel a cada 21 dias por 6 ciclos ou observação. O objetivo primário foi avaliar a sobrevida livre de recidiva bioquímica. Este estudo falhou em demonstrar qualquer benefício da quimioterapia adjuvante nesta população de alto risco. A quimioterapia com docetaxel se mostrou tóxica neste cenário, com 18% dos pacientes evoluindo para neutropenia febril. Além disto, em determinado subgrupo de pacientes, docetaxel relacionou-se com um maior risco de progressão bioquímica.
 
3- Um novo estudo randomizado de Fase III e de não-inferioridade foi apresentado para justificar o papel da radioterapia (Rxt) hipofracionada (20 frações e dose de 60 Gy) em comparação a Rxt convencional (39 sessões em 78 Gy) em câncer de próstata localizado e de risco intermediário. Este estudo, em conformidade com outros recentes estudos publicados, mostrou que a Rxt hipofracionada é não inferior à Rxt convencional em termos de falha bioquímica e sobrevida global. Cabe ressaltar que neste estudo o hipofracionamento não se correlacionou com maior toxicidade aguda ou tardia.
 
4- No cenário da doença metastática, dois estudos merecem atenção: o aguardado FIRSTANA (n= 1.197 pacientes) randomizou pacientes com câncer de próstata metastático resistente a castração (mCRPC) para docetaxel ou cabazitaxel (este com dois braços e duas doses 25 mg/m2 e 20 mg/m2). O objetivo primário do estudo foi sobrevida global. Cabazitaxel não demonstrou superioridade em termos de SG (em ambas as doses), em comparação com docetaxel. Dentro dos objetivos secundários, apenas a resposta global foi superior com cabazitaxel (25mg/m2) em comparação com os dois outros braços do estudo. Como esperado, a dose de cabazitaxel (20mg/m2) foi mais bem tolerada.
 
5- O PROSELICA avaliou a não-inferioridade do cabazitaxel em duas diferentes doses (cabazitaxel 20 mg/m2 verus cabazitaxel 25 mg/m2) em mCRPC. O estudo randomizou 1200 pacientes para determinar a não-inferioridade de sobrevida global entre as duas doses de cabazitaxel. Foi demonstrado que a dose menor do cabazitaxel 20 mg/m2 foi não inferior para sobrevida global (SG) em comparação ao cabazitaxel 25mg/m2, além de melhor perfil de toxicidade.
 
6- O último estudo foi a análise de qualidade de vida do CHAARTED. Como conclusão, o uso de docetaxel foi associado a menor qualidade de vida nos primeiros três meses de tratamento, não observado no braço de terapia androgênica isolada. Porém, em 12 meses a qualidade de vida foi superior nos pacientes tratados com docetaxel, sugerindo que, além de levar a um ganho substancial de sobrevida global, não há um impacto negativo da quimioterapia na qualidade de vida dos pacientes com doença metastática hormônio-sensível tratados com quimioterapia.

 
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