O oncologista Mauro Zukin (foto), diretor técnico do Grupo COI (Clínicas Oncológicas Integradas), comenta os destaques em câncer de pulmão da 52ª ASCO. "A ASCO 2016 mostrou alguns trabalhos que merecem nossa atenção por trazerem novos horizontes que vão mudar a vida de nossos pacientes. Percebo com alegria os avanços gritantes dos últimos vinte anos", afirma.
*Por Mauro Zukin
Dois estudos em câncer de pulmão pequenas células (CPPC) trazem uma nova realidade como há muito tempo não se via. O primeiro deles com uma nova droga, a ROVA-T, que é um anticorpo ligado a uma quimioterapia contra a proteína DLL3, um marcador preditivo de resposta observado em 70% dos casos da doença (LBA8505).
Outro estudo em CPPC comparou nivolumabe sozinho ou associado a ipilimumabe 1mg ou 3mg em pacientes que falharam a uma primeira linha de platina. A toxicidade foi maior no grupo de combinação, com uma maior taxa de resposta (10%,19% e 23%) e uma SVm em um ano de 33%, 35% e 43%, respectivamente. Não houve diferenças nos resultados relacionados à expressão de PD-L1.
No câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC), um estudo de segurança na primeira linha em pacientes com doença avançada mostrou resultados de eficácia de nivolumabe, nivo + ipilimumabe a cada seis semanas e nivo + ipi a cada 12 semanas. Os resultados de toxicidade foram bem melhores daqueles encontrados com a combinação em melanoma, provavelmente porque as doses de ipilimumabe foram menores. As taxas de resposta foram maiores para a combinação (23%, 39% e 47%) e a SV em um ano foi de 73%, 69% e não alcançada, respectivamente. Interessante notar aqui que quanto maior a expressão de PD-L1, maior a resposta para a combinação, ao contrário do observado em melanoma.
Em medicina de precisão, o destaque foi um estudo de vandetanib para pacientes que tinham a fusão de RET, mostrando mais um novo alvo com droga específica (Abstr9012).
O estudo japonês J-ALEX (Abst9008) avaliou crizotinib vs alectinib em pacientes com doença ALK+ e mostrou resultados de sobrevida livre de progressão bem favoráveis para alectinib como futura opção em primeira linha. É necessário aguardar a versão americana do estudo, ALEX, para confirmar os resultados.
Um último estudo importantíssimo foi a comparação da avaliação de T790 no tumor, sangue e urina (Abstr9001), mostrando uma positividade em torno de 60% e abrindo uma nova porta para a biópsia líquida, aprovada recentemente pelo Food and Drug Administration (FDA), para a avaliação do EGFR em primeira linha.
*Autor: Mauro Zukin é oncologista e diretor técnico do Grupo COI (Clínicas Oncológicas Integradas).